Brasil
| Tese
"Você pode passar o sal?": polidez, relevância e heteroconciliação de metas
"Can you pass the salt?": politeness, relevance and hetero goal-conciliation
Autor
Gabriela Niero
Institución
Resumen
Analisamos nesta tese o exemplo “Você pode passar o sal?” de Searle (2002/1979, p. 57) a partir da arquitetura descritivo-explanatória da teoria de conciliação de metas de Rauen (2014) e observamos em que medida uma abordagem em termos de heteroconciliação colaborativa de metas viabiliza avanços na compreensão dos fenômenos de polidez linguística. Progressivamente tratando o exemplo, revisamos como formas polidas de comportamento social são instituídas para evitar ou mitigar conflitos, estabelecer status sociais e expressar sofisticação nas relações humanas. Em seguida, restringimos o olhar para abordagens pragmáticas, destacando a teoria da polidez de Brown e Levinson (1987) no contexto dos estudos da polidez linguística de primeira onda e algumas das críticas à teoria elaboradas por pesquisadores de segunda onda. Mais à frente, apresentamos a teoria da relevância de Sperber e Wilson (1986, 1995) e autores que abordam questões de polidez linguística a partir de um ponto de vista pós-griceano orientado pela noção de relevância. Finalmente, apresentamos a teoria de conciliação de metas de Rauen (2014), propomos uma modelação alternativa para o exemplo e discutimos essa modelação à luz das diversas abordagens da polidez linguística elencadas na tese. Concluímos que formulações polidas são essenciais na concepção de ações antecedentes em direção à consecução de metas práticas ao mesmo tempo que promovem a manutenção, a preservação e o aprimoramento de faces. Enunciados convencionais como “Você pode passar o sal?” tendem a ser aqueles que emergem otimamente, pois antecipam consecuções e trabalham as faces dos interagentes com um equilíbrio ótimo de esforços cognitivos. Satisfazendo expectativas de polidez, o pedido indireto habilita a obtenção do sal e gera um conjunto de implicaturas ótimas que viabilizam o bom andamento de relações sociais cordiais entre os interagentes.