Artigo Científico
A transferência com crianças autistas e psicóticas na percepção de psicólogas que atuam na clínica
Autor
Capeletti, Julia Maria
Institución
Resumen
A presente pesquisa diz respeito à compreensão da transferência na clínica com crianças autistas e psicóticas, considerando que o manejo terapêutico nesses casos ocorre de modo diverso daquele com sujeitos neuróticos. Nesse sentido, o estudo tem como objetivo compreender como ocorre a transferência na clínica com crianças autistas e psicóticas na visão de psicólogos psicanalistas que atuam na clínica, identificando de modo específico como os psicólogos psicanalistas se percebem como alvo da transferência das crianças autistas e psicóticas e também como alvo da transferência dos familiares destas; identificar como esses psicólogos psicanalistas desenvolvem estratégias de se comunicar com a criança a partir da transferência e contratransferência; identificar como os profissionais percebem as diferenças da transferência entre crianças autistas e psicóticas; e por fim identificar como psicólogos psicanalistas compreendem teoricamente o fenômeno da transferência com crianças autistas e psicóticas. A presente pesquisa é caracterizada como qualitativa, exploratória, com uso de estudo de multi caso. Foram entrevistadas 3 psicólogas psicanalistas, as quais possuem tempo de experiência na aérea de no mínimo dois anos. A coleta de dados se deu através de entrevistas semiestruturadas, fazendo-se uso de um roteiro pré-formulado. Como resultado da pesquisa, identificou-se que as profissionais se percebem diante da transferência com essas crianças, envoltas em dificuldades, porém, servindo como condutora do trabalho a ser realizado. No que diz respeito à transferência da família, foi identificado que as entrevistadas a percebem como sinais para construir uma relação de confiança e como meio para normalizar fenômenos infantis, e até mesmo para clarificar o diagnóstico de autismo. Quanto à forma como as psicólogas psicanalistas desenvolvem estratégias de se comunicar com a criança, foi identificado que é um instrumento a ser construído no manejo da sessão, o qual necessita da atenção ao que a criança irá mostrar ao analista. Referente à percepção das psicólogas sobre a diferença entre a transferência de crianças autistas e psicóticas, foi identificado que ou não fazem distinção e que ela também aparece, quando o profissional ocuparia funções diferentes dependendo da estrutura. Por fim, quanto ao modo como as profissionais compreendem teoricamente os fenômenos da transferência desse público, foi localizado que tal percepção perpassa por uma compreensão teórica em debate, além de ser considerada como uma língua que não se presta à significação. É possível concluir, que a transferência com crianças autistas e psicóticas é permeada por dificuldades, não deixando de ser o alicerce para o andar do tratamento, sendo imprescindível a inclusão dos pais no processo. Entretanto, são identificadas diferenças no modo de ser entre autismo e psicose, não fazendo total distinção, contudo, considerando a existências de aspectos que destoam entre si.