Artigo Científico
“Ó-lhó-lhó”: as manifestações artístico-culturais da Ilha de Santa Catarina, na cultura manezinha
Autor
Moraes, Alexandre Ferreira de
Institución
Resumen
A constituição da subjetividade humana, isto é, o que nos configura como seres humanos, está na relação que tecemos com as pessoas, imersos em um tempo histórico, inseridos em uma cultura, que proporciona elementos identitários aos sujeitos por ela representados. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a percepção dos “Manezinhos da Ilha”, a partir das manifestações artístico-culturais, da Ilha de Santa Catarina, identificando se estas os representam enquanto sujeitos, e como são, por elas, impactados em suas subjetividades. Desenvolveu-se três eixos norteadores, para analisar os dados coletados: 1) Identificar as manifestações artístico-culturais, que o sujeito Manezinho, percebe que melhor o representa; 2) Caracterizar quais aspectos destas manifestações artístico-culturais, melhor os representam enquanto sujeitos; 3) Destacar o locus (espaços culturais), para ilustrar o lugar da materialização da cultura Manezinha. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, de corte transversal, com estudo de caso como delineamento. Tendo sido realizada entrevistas presenciais com 05 participantes, de faixa etária entre 20 a 90 anos de idade, todos moradores nativos do Ribeirão da Ilha – sul da Ilha de Santa Catarina. Como manifestações artístico-culturais, foram analisadas: a Festa do Divino Espírito Santo, a Procissão do Senhor dos Passos, o Terno de Reis/Festa Junina/Pau-de-Fitas e o Boi-de-mamão. Analisou-se também os elementos folclóricos, como outras formas de manifestações artístico-culturais, a saber: as figuras lendárias (bruxas, boitatá, lobisomem), as benzedeiras, as rendeiras, o Pão-por-Deus e os artistas ilhéus locais. A partir desta análise, percebe-se que há elementos identitários, oriundos destas manifestações, que funcionam como qualitativos importantes para os Manezinhos, na constituição enquanto sujeitos, nativo do Ribeirão da Ilha, expressados pela humildade/simplicidade, socialização, expressões linguísticas, cultura-manezinha-açoriana, musicalidade e religiosidade. Tendo em vista que o sujeito se relaciona subjetiva e objetivamente, identificou-se que essa relação não acontece do nada, mas se expressa em locais e lugares que se realizam essas manifestação culturais, o que compreendemos aqui como locus culturais. Estes transcendem a ideia de espaço geográfico, possui poder de caráter simbólico, com categoria ontológica, favorecendo recordações afetivas e recordações subjetiva. Estes locus, de certa forma, materializam e propagam os aspectos desta cultura, tendo como principal referência e representatividade, o Ribeirão da Ilha de Santa Catarina. Ao analisado os dados, percebeu-se que inserir-se em uma cultura, favorece a relação interpessoal, a compreensão e assimilação dos elementos identitários, advindos das manifestações artístico-culturais que formam a cultura Manezinha.