Monografia
"È o bicho": a percepção de psicólogos acerca do uso de animais como recurso de trabalho em psicologia
Autor
Figueiredo, Heloiza Maria
Institución
Resumen
O processo de domesticação de algumas espécies de animais favoreceu a aproximação destes com seres humanos, fenômeno que nos últimos anos se intensificou de tal modo que as pessoas passaram a perceber alguns efeitos produzidos a partir dessa interação homem/animal. Esses efeitos passaram a ser identificados como possíveis recursos terapêuticos, inclusive por profissionais da Psicologia. Diante desses fatos, torna-se relevante identificar de que forma o animal pode ser utilizado como recurso de trabalho do psicólogo e quais as decorrências de sua utilização. Sendo assim, a presente pesquisa tem como objetivo caracterizar a relação entre a percepção de psicólogos que utilizam e psicólogos que não utilizam animais na intervenção profissional acerca do uso de animais como recurso de trabalho em Psicologia. Este estudo possui um caráter comparativo sendo classificado como pesquisa exploratória e qualitativa, cujo delineamento é o de estudo de campo. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados uma entrevista semi-estruturada, a qual foi realizada com oito participantes, sendo quatro psicólogos que utilizam animais como recurso de trabalho, denominados de Grupo “A” e quatro psicólogos que não utilizam animais como recurso de trabalho, denominados Grupo “B”. Os dados coletados foram analisados a partir de categorias e subcategorias e interpretados com base no referencial teórico já existente. Ao fim deste processo constatou-se que tanto os psicólogos do Grupo “A”, quanto do Grupo “B”, identificam que animais podem ser um recurso útil para o trabalho do psicólogo, atendendo a objetivos interventivos que vão além da questão psicológica, atendendo o sujeito em sua integralidade. Podendo ser utilizado em diferentes locais, tais como instituições que atendem pessoas com deficiência, hospitais, escolas entre outros; com diferentes públicos: crianças, adolescentes, adultos e idosos e atendendo a uma série de demandas que vão desde transtornos psicológicos, deficiências e transtorno de desenvolvimento até dependência química. Com relação aos benefícios percebidos, os participantes identificam benefícios psicológicos, sociais, cognitivos, físicos e fisiológicos. Assim como qualquer recurso de trabalho, a utilização de animais também possui suas facilidades e dificuldades. Sendo que a principal facilidade identificada pelos participantes é a função facilitadora do animal, que promove a implicação do sujeito atendido no processo interventivo. A principal dificuldade percebida pelos participantes da pesquisa é a falta de conhecimento produzido com relação a utilização de animais como recurso de trabalho, o que limita a percepção dos psicólogos, bem 7 como a atuação do profissional, refletindo no processo de planejamento e avaliação de resultados das intervenções assistidas por animais. Pode-se afirmar que não houve divergência nas percepções de ambos os grupos, porém o grupo “B” em alguns aspectos investigados demonstrou pouca clareza ou falta de conhecimento mais ampliado com relação as intervenções assistidas por animais. O que reforça ainda mais a necessidade de produção e disseminação do conhecimento nesta área.