Objetivo: Analisar os casos de todas as mulheres que buscaram pelo serviço de interrupção legal da gestação em casos de violência sexual em um hospital pú-blico de referência, bem como identificar os fatores relacionados à realização. Métodos: Estudo observacional transversal com informações de prontuários do período de janeiro de 2014 a dezembro de 2020. Um total de 178 casos foram incluídos, com avaliação dos dados referentes às mulheres atendidas, característi-cas da violência sexual, atendimento hospitalar, técnicas utilizadas e complicações. Utilizou-se da estatística descritiva e os fatores relacionados a finalização do proce-dimento foram avaliados através da regressão logística binária, com nível de signifi-cância de 5%. Resultados: Em 83,2% dos casos atendidos o procedimento de interrupção da gestação foi efetuado. Em 75,7% dos casos a técnica utilizada foi a associação do misoprostol via vaginal e a aspiração manual intrauterina. Não houve óbitos e a ta-xa de complicações foi de 1,4%. A idade gestacional na ocasião da procura para ILG foi o fator significativo para que o protocolo não fosse completado. Gestações com até 12 semanas foram associadas a menor chance de a interrupção não ocorrer (OR =,41 IC95% 0,12 – 0,88), enquanto os casos com idade gestacional maior que 20 semanas foram associados a uma maior chance de não realizar a interrupção (OR=29,93 IC95% 3,91 – 271,50). Conclusão: A definição de um protocolo e de uma equipe especializada para atendimento pode oferecer um serviço efetivo e resolutivo. O acesso a informações para a população deve ser melhorado.