Introdução: A ventilação mecânica (VM) consiste em um método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica. Pacientes que necessitam da VM, frequentemente apresentam comorbidades significativas e um perfil epidemiológico particular, portanto, deveriam ser tratados em ambiente de Terapia Intensiva (UTI). Devido à falta de leitos, em inúmeras vezes, os pacientes são tratados na emergência ou enfermaria, esperando rápida recuperação ou vaga de leito. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil clínico e o desfecho de pacientes que necessitaram de VM na UTI e fora da UTI de um hospital do sul do Brasil. Métodos: Foi realizado um estudo observacional com delineamento de coorte retrospectiva de janeiro a dezembro de 2018, envolvendo uma amostra aleatória de 593 prontuários dos pacientes internados no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) que utilizaram o dispositivo VM na UTI ou fora da UTI. Resultados: Foram avaliados 400 pacientes, sendo maioria do sexo masculino e mediana (p25-p75) de idade de 67 (54,0 - 75,0) anos. O índice de mortalidade foi de 70,3%. Em relação ao dispositivo de VM, 272 (68,0%) pacientes foram intubados diretamente na UTI, 99 (24,8%) foram intubados em enfermaria e aguardaram leito em UTI e, 29 (7,2%) pacientes não foram hospitalizados em UTI. A mediana de tempo de internação dos pacientes submetidos a VM foi de 14 dias e o tempo de internação na UTI obteve mediana de 9 dias. O tempo de VM dos pacientes apresentou uma mediana de 6 dias. Conclusão: A VM realizada na UTI ou fora da UTI não influenciou significativamente a taxa de mortalidade desses pacientes. Apesar disso, pondera-se que o número adequado de leitos de UTI se faz necessário para o atendimento especializado de terapia intensiva.