Dissertação
Porque ninguém escuta a gente! Jovens, avaliação em larga escala e cotidiano escolar, entre significados e sentidos
Autor
Motta, Maryangela Mattos da
Institución
Resumen
What do young people think about large-scale evaluations? This was the question that
guided the process of constructing this research. Born from the daily routine of History
classes and based on a frequent concern about the mismatches caused by educational
evaluation policies, this work focuses on the impact of these programs, especially when
they aim at achieving results and performances through rankings. Based on a
formative assessment, whose focus is not on competition but on human formation, the
idea defended here seeks to incorporate a perspective of observing the student as a
whole and the centrality of his/her relationship with knowledge, not just as numbers in
statistics, but as individuals who retain singularities and subjectivities. This work
focuses on the dynamics of large-scale evaluation policies in order to think about the
impacts of these programs in the daily routine of schools and inside classrooms. With
a closer look on the evaluations adopted by the state of Rio de Janeiro, the SAERJS
and Saerjinhos, this work takes into account a specific public, not included in the scope
of the researches, that arise the student body. In this sense, guaranteeing that the
voices of these subjects are heard, as they are an interested party in the educational
process, this work analyses, through focus groups, the narratives of young people who
attend the last year of High School, in a city in the interior of the State of Rio de Janeiro,
in order to try to understand their positions regarding public policies; how they evaluate
their experiences with the standardized tests of the State of Rio de Janeiro (SAERJ
and Saerjinho) and how they bring these experiences forth in the daily routine of the
school. Considering the theme of institutional evaluation as controversial in academic
space, this work poses the debate around the issue, showing on one hand the
arguments of authors such as Ernest House, Maria Helena Guimarães de Castro and
the academic production of CAED / JF, which indicate the public policies as essential
for the achievement of education of good quality. On the other hand, field researchers
such as Antonio Almerindo Janela Affonso, Antônio Veiga-Neto and Clarice Salete
Traversini highlight the problems of these large-scale evaluations when used
obsessively and mistakenly. In the light of authors such as Walter Benjamim and Marc
Bloch, this work supports a view of History that is a non linear and challenging. Through
authors such as Antonio Gramsci, Paulo Freire and Darcy Ribeiro, this work prioritizes
a kind of education that is focused on humans and their whole development as a
counterpoint to evaluation policies. Regarding the question of learning, it presents a
complexization between the theories of Pierre Bourdieu, Bernard Charlot and Bernard
Lahire to understand the relationships of young people with knowledge. Listening to
young people in the context of this research and considering what they think about
schools, educational processes and evaluation demonstrates the high relevance of the
considerations made by these students, who, amidst the problems faced by public
education, have consistent elements to present. O que pensam os jovens sobre as avaliações em larga escala? Essa foi a questão
que norteou todo processo de construção desta pesquisa. Nascida do cotidiano das
aulas de História, a partir de uma inquietação frequente sobre os desajustes causados
pelas políticas de avaliação educacional, este trabalho dedica-se a pensar sobre os
impactos causados por esses programas, principalmente quando suas práticas visam
o alcance de resultados e desempenhos através de ranqueamentos. Apostando em
uma avaliação formativa, cujo foco não passa pelo viés da competição e sim pela
formação humana, a ideia defendida aqui busca incorporar uma perspectiva de olhar
o aluno como um todo, na centralidade da sua relação com o saber, não apenas como
um número nas estatísticas, mas como indivíduo que guarda singularidades e
subjetividades. Nesse sentido, este trabalho se movimenta em torno da dinâmica das
políticas de avaliação em larga escala para pensar os impactos que esses programas
produzem no cotidiano das escolas e no interior das salas de aula. Mais detidamente
sobre as avaliações adotadas pelo Estado do Rio de Janeiro – os SAERJS e
Saerjinhos –, este trabalho leva em consideração um público específico, não
privilegiado no âmbito das pesquisas, que são os estudantes. Garantindo a voz
desses sujeitos, parte interessada no processo educativo, ele analisa, através de
grupos focais, as narrativas de jovens que cursam o último ano do Ensino Médio, em
uma cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, para tentar entender como eles
se posicionam diante das políticas públicas; como avaliam suas experiências com as
provas padronizadas do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ e Saerjinho) e como
rememoram essas práticas no cotidiano da escola. Tendo em vista o tema da
avaliação institucional como polêmico no espaço acadêmico, este trabalho traz o
debate em torno da questão, mostrando, de um lado, os argumentos de autores como
Ernest House, Maria Helena Guimarães de Castro e a produção acadêmica do
CAED/JF, que apontam as políticas públicas avaliativas como essenciais para
conquista de um ensino de qualidade, e de outro, pesquisadores do campo, tais como
Antonio Almerindo Janela Affonso, Antônio Veiga-Neto e Clarice Salete Traversini,
que destacam os problemas dessas avaliações em larga escala quando utilizadas de
forma obsessiva e equivocada. À luz de autores como Walter Benjamim e Marc Bloch,
a aposta é em uma história não linear, problematizadora. Através de autores como
Antonio Gramsci, Paulo Freire e Darcy Ribeiro, este trabalho prioriza uma educação
voltada para o humano e sua formação integral como contraponto às políticas de
avaliação. No que se refere à questão da aprendizagem, ele apresenta uma
complexização entre as teorias de Pierre Bourdieu, Bernard Charlot e Bernard Lahire
para compreender a relação do jovem com o saber. A escuta dos jovens no contexto
desta investigação, os seus pensamentos sobre as escolas, os processos educativos
e a avaliação serviram para demonstrar a alta relevância das considerações feitas
pelos estudantes que, em meio aos problemas enfrentados pela educação pública,
possuem elementos muito relevantes e consistentes a dizer.