Dissertação
Insegurança Alimentar e Nutricional e sua associação com comportamentos de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em adolescentes de Juiz de Fora - MG
Autor
Silva, Isabela Aparecida Ferreira da
Institución
Resumen
Violations of the Human Right to Adequate Food result in Food and Nutrition Insecurity,
which is manifested not only by food deprivation, but also by the loss of food quality,
generating important consequences for people's health. Adolescence can be considered a
stage of life vulnerable to Food and Nutrition Insecurity, as nutritional inadequacies in this
stage can compromise the adequate growth and development of individuals. Generally,
this phase marks the beginning of the adoption of risk behaviors for Noncommunicable
Diseases (NCDs) such as the abusive use of tobacco and alcohol, physical inactivity and
inappropriate eating habits. Few studies address the relationships between exposure to
Food and Nutrition Insecurity and risk behaviors for NCDs in adolescence. This study
aimed to investigate the association between Food and Nutrition Insecurity and risk
behaviors for NCDs among adolescents from public schools in Juiz de Fora, Minas Gerais.
This is a cross-sectional epidemiological study with adolescents aged 14 to 18 years, of
both sexes, from elementary and high school in public schools in the city. To investigate
the Food and Nutrition Insecurity, the Brazilian Food Insecurity Scale (EBIA) was used.
Through a face-to-face interview, data such as gender, skin color/race, mother's
education, occupation of the household and economic class were collected. This was
classified by the Brazilian Economic Classification Criteria of the Brazilian Association of
Research Companies. Data referring to risk behaviors for NCDs included experimenting
with alcoholic beverages and cigarettes and their consumption in the last 30 days; regular
exercise in the last 12 months; time of physical activity in one usual week by the short form
of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ); consumption of breakfast,
lunch and dinner, consumption of ultra-processed foods in snack bars and fast-food
restaurants, soft drinks and other ultra-processed beverages, and ultra-processed foods
with a salty and sweet taste. The STATA® software was used to process descriptive and
bivariate analyzes of the variables of interest and the Poisson Regression with robust
variance, assuming a 5% confidence level (p-value < 0.05). The 782 adolescents had a
mean age of 16 years (± 1.1), 58,6% were female, 34,8% were in the 1st year of high
school, 63,5% declared themselves non-white, 74,4% lived in their own home, 31,6% were
in the middle economic class (B2) and 42,5% of the mothers had completed elementary
school or incomplete high school. The prevalence of Food and Nutrition Insecurity was
equal to 37%. Most participants were active (64,1%) and reported physical exercise in the
last 12 months (55,5%), experimenting with alcoholic beverages (79,8%) and regular
consumption of breakfast (79,8 %) and dinner (60,5%). Most reported non-regular
consumption of ultra-processed foods in snack bars or fast food restaurants (95,8%) and
soft drinks (83,4%). Food and Nutrition Insecurity, based on Poisson Regression with
robust variance, was associated with physical inactivity in the 12 months prior to the
interview, non-regular breakfast consumption, regular dinner consumption and regular
consumption of ultra-processed beverages (except for soft drinks). The results obtained
point to a new perspective regarding the relationship between health and Food and
Nutrition Security and reinforce the need for a comprehensive look at adolescents, given
that the implications of Food and Nutrition Insecurity and the adoption of risk behaviors for
NCDs at this stage can cause harm for their current and future health, posing major
challenges for health systems. As violações do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) resultam em
Insegurança Alimentar e Nutricional (InSAN), que se manifesta não apenas pela privação
alimentar, como também pelo prejuízo na qualidade da alimentação, gerando importantes
consequências para a saúde das pessoas. A adolescência pode ser considerada uma
fase da vida vulnerável à InSAN, visto que inadequações nutricionais nessa fase podem
comprometer o adequado crescimento e desenvolvimento dos indivíduos. Geralmente,
essa fase marca o início da adoção de comportamentos de risco para Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT) como o uso abusivo de tabaco e álcool, inatividade física e
hábitos alimentares inadequados. Poucos estudos abordam as relações existentes entre a
exposição à InSAN e comportamentos de risco para DCNT na adolescência. Objetivou-se
investigar a associação entre InSAN e comportamentos de risco para DCNT entre
adolescentes de escolas públicas de Juiz de Fora, Minas Gerais. Trata-se de um estudo
epidemiológico transversal com adolescentes entre 14 a 18 anos, de ambos os sexos, dos
ensinos fundamental e médio de escolas públicas do município. Para investigar a InSAN
foi empregada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Por entrevista face a
face, foram coletados dados como sexo, cor da pele/raça, escolaridade da mãe, condição
de ocupação do domicílio e classe econômica. Esta foi classificada pelo Critério de
Classificação Econômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Os
dados referentes aos comportamentos de risco para DCNT incluíram a experimentação
de bebida alcoólica e cigarro e seu consumo nos últimos 30 dias; prática regular de
exercício físico nos últimos 12 meses; tempo de atividade física em uma semana habitual
pela forma curta do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ); consumo do
café da manhã, almoço e jantar, o consumo de alimentos ultraprocessados em
lanchonetes e restaurantes de fast-food, refrigerantes e outras bebidas ultraprocessadas,
e alimentos ultraprocessados de sabor salgado e doce. O software STATA® foi utilizado
para processar as análises descritivas, bivariada das variáveis de interesse e a
Regressão de Poisson com variância robusta, admitindo-se um nível de confiança de 5%
(valor-p < 0,05). Os 782 adolescentes apresentaram média de idade igual a 16 anos (±
1,1), sendo 58,6% do sexo feminino, 34,8% cursavam o 1º ano do Ensino Médio, 63,5%
se autodeclaravam não brancos, 74,4% residiam em domicílio próprio, 31,6%
enquadravam-se na classe econômica média (B2) e 42,5% das mães possuía Ensino
Fundamental completo ou o Ensino Médio incompleto. A prevalência de InSAN foi igual a
37%. A maioria dos participantes era ativa (64,1%) e referiu prática de exercícios físicos
nos últimos 12 meses (55,5%), experimentação de bebida alcoólica (79,8%) e consumo
regular o café da manhã (79,8%) e jantar (60,5%). A maioria referiu consumo não regular
de alimentos ultraprocessados em lanchonetes ou restaurantes de fast food (95,8%) e
refrigerantes (83,4%). A InSAN, a partir a Regressão de Poisson com variância robusta,
associou-se à inatividade física nos 12 meses anteriores à entrevista, ao consumo não
regular do café da manhã, ao consumo regular do jantar e ao consumo regular de bebidas
ultraprocessadas (com exceção de refrigerantes). Os resultados obtidos apontam para
uma nova perspectiva no que se refere às relações entre saúde e SAN e reforçam a
necessidade de um olhar integral aos adolescentes, haja vista que as implicações da
InSAN e da adoção de comportamentos de risco para DCNT nessa fase podem gerar
prejuízos para sua saúde atual e futura, significando grandes desafios para os sistemas
de saúde. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior