Trabalho de Conclusão de Curso
Cultura do cancelamento e efetivação da justiça social por minorias identitárias
Autor
Santos, Hully Pereira dos
Institución
Resumen
- O presente estudo destina-se à análise do fenômeno da cultura do cancelamento
efetuada por grupos minoritários e a sua contribuição para a efetivação da justiça
social. A prática, que repercute online e offline, foi utilizada pelos movimentos #Me
Too, Black Lives Matter e ANTIFA, sendo considerada um mecanismo de oposição a
expressões machistas, homofóbicas e LGBTQ+fóbicas e ao desmonte de redes de
apoio institucional. No contexto atual de desenvolvimento neoliberal, a pessoa é
posicionada enquanto única responsável pela aquisição de condições financeiras para
seu sustento e desenvolvimento, desconsiderando-se as opressões histórias que
cerceiam oportunidades de acesso. A pessoa deixa de ser considerada em sua
complexidade, constituída a partir das relações com outras pessoas, ambientes,
ideias, inclusos os valores morais e os padrões socioeconômicos propagados pelo
regime vigente. A cultura do cancelamento pode ensejar, entretanto, incoerências ao
promover a culpabilização individualizada, desconsiderando o contexto histórico e
socioeconômico em que a pessoa cancelada está inserida, assim como a sua
multiplicidade para além do aspecto intolerante e da possibilidade de mudança. Torna se necessário questionar então se a ação do cancelamento tem contribuído para o
estabelecimento da justiça social ou tem servido como mais um instrumento de
cerceamento das experiências democráticas.