Tese
Fatores associados à inatividade física em transplantados renais brasileiros: subprojeto do estudo multicêntrico ADERE Brasil
Autor
Sertório, Emiliana Spadarotto
Institución
Resumen
Even though regular physical activity is a recommendation for kidney transplant
recipients, results from ADHERE Brazil study revealed a high prevalence of physical
inactivity (69.1%). The design of strategies for tackling this behavior depends on a
broader identification of barriers in this population. We identified multilevel, in 2 levels
(patient and transplant center) factors associated with physical inactivity in kidney
transplant recipients. This is a cross-sectional and multicenter design, a subproject of
ADHERE Brazil study which included 20 kidney transplant centers and 1,105 kidney
transplant recipients (data collection: Dec/15 to Jun/17). Using a multistage sampling
method, based on the geographical region (South/Southeast and North/Northeast/MidWest) and transplant activity of the centers, patients were proportionally and randomly
selected. Physical activity was assessed by questionnaire, the Brief Physical Activity
Assessment Tool, and we adopted the World Health Organization (WHO) (2010)
definition to classify kidney transplant recipients as inactive (<150min/week) or active
(>150min/week). Following Bronfenbrenner´s ecological model, we analyzed multilevel
factors associated with physical inactivity by sequential logistic regression. Results: In
the sample of 1105 patients, 58.5% were male, 51.4% were white, and the mean age
was 47.6±12.6 years. Most reported having a stable partner (59.9%), had a family
income higher than the reference salary (74.6%) and had at least 8 years of study
(85.1%). Most patients had hemodialysis (93%) before transplantation, had been at
least 5 years since transplantation (51.2%) and received an organ from a deceased
donor (65.2%). The diagnosis of hypertension was frequent (72.2%) and 18.7% of
patients were obese. Factors associated with physical inactivity were at patient level:
familiar income >1 reference wage (OR 0.66; CI 95% 0.48-0.90; p=0.01), student (OR
0.58; CI 95% 0.37-0.92; p=0.019), smoking (OR 2.43; CI 95% 0.97-6.06; p=0.058),
obesity (OR 1.79; CI 95% 1.26-2.55; p<0.001), peripheral vascular disease (OR 3.18;
CI 95% 1.20-8.42; p=0.021), post-transplant hospitalizations >3 (OR 1.58; CI 95%
1.17-2.13; p=0.003); at center level: physical educator as part of the team (OR 0.54;
CI 95% 0.46-0.64; p<0.001), teaching hospital (graduation students) (OR 1.47; CI 95%
1.01-2.13; p=0.041). This is the first multicenter study evaluating physical inactivity and
associated multilevel factors (patient level and meso level) in Brazilian kidney
transplant recipients and one of the largest samples evaluating physical activity after
kidney transplantation. Our results suggest we need multilevel strategies, beyond
those directed to patient´s characteristics, for reducing physical inactivity after kidney
transplantation. Embora a atividade física (AF) regular seja uma recomendação para receptores
de transplante renal (TxR), resultados do estudo ADERE Brasil revelaram alta
prevalência de inatividade física (69,1%). O desenvolvimento de estratégias para o
enfrentamento desse comportamento depende de uma identificação mais ampla das
barreiras a AF nessa população. O objetivo desse trabalho foi identificar fatores
multiníveis, em 2 níveis (paciente e centro transplantador), associados à inatividade
física em transplantados renais brasileiros. É um estudo transversal e multicêntrico,
subprojeto do ADERE Brasil, que incluiu 20 centros de TxR e 1.105 pacientes
transplantados renais (coleta de dados: dezembro/15 a junho/17). Utilizando um
método de amostragem multiestágio, baseado na região geográfica (Sul/Sudeste e
Norte/Nordeste/Centro-Oeste) e na atividade de transplante dos centros (número de
transplantes/ano, nos últimos 5 anos), os pacientes foram selecionados de forma
aleatória e proporcional ao número de pacientes acompanhados em cada centro
participante. A AF foi avaliada através de um questionário adaptado, o Brief Physical
Activity Assessment Tool, e os pacientes foram classificados conforme a orientação
de 2010 da Organização Mundial de Saúde (OMS), em inativos se praticassem menos
de 150 min/semana de AF ou ativos se praticassem pelo menos 150 min/semana de
AF. Seguindo o modelo ecológico de Bronfenbrenner, analisamos os fatores
multiníveis (nível do paciente e nível meso) associados à inatividade física por meio
de regressão logística sequencial. Na amostra de 1.105 pacientes, 58,5% eram do
sexo masculino, 51,4% eram brancos, e a média de idade foi 47,6±12,6 anos. A
maioria referia ter parceiro estável (59,9%), tinha renda familiar maior do que o salário
de referência (74,6%) e ao menos 8 anos de estudo (85,1%). A maior parte dos
pacientes fez hemodiálise (93%) antes do transplante, tinha pelo menos 5 anos desde
o transplante (51,2%) e recebeu órgão de doador falecido (65,2%). O diagnóstico de
hipertensão foi frequente (72,2%) e 18,7% dos pacientes eram obesos. Os fatores
associados à inatividade física foram, no nível do paciente: renda familiar >1 salário
mínimo (OR 0,66; IC 95% 0,48-0,90; p=0,01), ser estudante (OR 0,58; IC 95% 0,37-
0,92; p=0,019), tabagismo (OR 2,43; IC 95% 0,97-6,06; p=0,058), obesidade (OR
1,79; IC 95% 1,26-2,55; p<0,001), doença vascular periférica (OR 3,18; IC 95% 1,20-
8,42; p=0,021), internações pós-transplante >3 (OR 1,58; IC 95% 1,17-2,13; p=0,003);
no nível meso (centro transplantador): educador físico como parte da equipe (OR 0,54;
IC 95% 0,46-0,64; p<0,001), hospital universitário (com graduandos) (OR 1,47; IC 95%
1,01-2,13; p=0,041). Este é o primeiro estudo multicêntrico avaliando inatividade física
e fatores multiníveis associados em transplantados renais brasileiros e uma das
maiores amostras avaliando AF após o TxR. Nossos resultados sugerem que
precisamos de estratégias multiníveis, além das direcionados às características do
paciente, para reduzir à inatividade física após o TxR.