Tese
Portal Vermelho: uma etnografia sobre gênero, corpo, sangue, emoções e experiência
Autor
Morais, Janaina de Araujo
Institución
Resumen
Menstruation, in a cross-cultural perspective, presents itself as an object of multiple
meanings and interpretations, giving rise to the most different customs and beliefs. However,
the negative conception of menstrual blood, arising from the taboo surrounding menstruation,
was the most widespread view. As ways of relating to this taboo, we see emerging, in
contemporary Western society, a process of medicalization of the female body, more
specifically of menstruation, as well as several other processes of resistance to this
medicalization and resignification of the negative perspective that permeates menstrual blood,
such as the practice of Autonomous, Political and Natural Gynecology, such as therapies and
menstrual art, among several other movements. The focus of this research is to reflect on these
different perspectives that currently emerge in relation to menstruation, seeking to understand
how the menstruation taboo is forged, how the medicalization of menstruation takes place and
how it has influenced the narratives and practices of women and other menstruating bodies. It
is also important, the analysis of the processes of resistance to the medicalization and
resignification of menstruation and menstrual blood, based on my own experience as an
anthropologist, menstrual therapist and artist, added to the experience of other women and
menstrual bodies that crossed my path, during courses, experiences, workshops, meetings,
conversation circles and through social networks. As a theoretical-methodological framework,
this work seeks to rescue the role of corporeality and autoethnography, seeking to explore the
different senses within the fieldwork, as well as a writing guided by subjectivity, by a localized,
incarnate, embodied knowledge, of a researcher who moves, involves and let be affected by the
field. A menstruação, em uma perspectiva transcultural se apresenta como objeto de
significados e interpretações múltiplas, dando origem aos mais diferentes costumes e crenças.
Entretanto, a concepção negativa, em relação ao sangue menstrual, oriunda do tabu que envolve
a menstruação, foi a visão mais difundida. Como formas de se relacionar com este tabu, vemos
emergir, na sociedade ocidental contemporânea, um processo de medicalização do corpo
feminino, mais especificamente da menstruação, como também diversos outros processos de
resistência a essa medicalização e ressignificação da concepção negativa que permeia o sangue
menstrual, tais como a prática da Ginecologia Autônoma, Política e Natural, as terapias e a arte
menstrual, dentre vários outros movimentos. O foco desta pesquisa é refletir sobre essas
diferentes perspectivas que afloram, atualmente, em relação à menstruação, procurando
compreender de que forma o tabu da menstruação é forjado, como a medicalização da
menstruação acontece e de que maneira tem influenciado as narrativas e práticas das mulheres
e outros corpos menstruantes. Importa, também, analisar os processos de resistência à
medicalização e ressignificação da menstruação e do sangue menstrual, a partir da minha
própria experiência, como antropóloga, terapeuta menstrual e artista, somada à experiência de
outras mulheres e corpos menstruantes que cruzaram meu caminho, durante cursos, vivências,
oficinas, encontros, rodas de conversas e pelas redes sociais. Como marco teóricometodológico, este trabalho busca resgatar o rol da corporalidade e a autoetnografia, procurando
explorar os diversos sentidos dentro do trabalho de campo, bem como uma escrita orientada
pela subjetividade, por um saber localizado, encarnado, corporificado, de uma pesquisadora
que se emociona, envolve e deixa-se afetar pelo campo. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior