Dissertação
Tendência temporal das internações hospitalares por doença inflamatória pélvica no Brasil e grandes regiões
Autor
Perciney, Patrick
Institución
Resumen
Pelvic inflammatory disease (PID) is an inflammatory process that affects
structures of the upper genital tract such as: uterus, uterine tubes, ovaries and attached
structures, causing endometritis, salpingitis, oophoritis, ovarian tube abscess, and
peritonitis. This group of diseases affects women all over the world, bringing serious
consequences for health, treatment costs and hospitalization.PID is considered one of
the main causes of tubal infertility and a risk factor for ectopic pregnancy. PID infection
is usually a consequence of Chlamydia trachomatis and Neisseria gonorrhoeae
infection. The main risk factors are: multiple sexual partners, previous history of PID,
pre-existing sexually transmitted infections (STI), immunosuppression or
endometriosis. Thus, considering that in Brazil the gateway to the health system is
primary care, the characteristics of PID classify it as a condition sensitive to this level
of care. The objective of this study was to analyze the temporal trend of hospitalizations
for pelvic inflammatory disease in women in Brazil and large regions. It was a
longitudinal ecological study that covered women aged 10 years and older who were
admitted to the Hospital Information System -SIH/SUS in Brazil from 2000 to 2019. At
first, the Excel program was used to compute the standardized hospitalization rates. In
a second moment the statistical program Joinpoint was used to estimate the
segmented regression models. This regression model allowed to estimate the average
annual variation for the period of the study and the points (years) of modification of the
trend. The highest rates were recorded in the North and Northeast regions. The results
found showed a general trend of decreasing hospitalizations in almost all age groups
and in all regions. The 10 to 19 years old age group was the only one that presented
a significant increase in the Southeast regions in the period of 2008 to 2019 and in the
Northeast region in the period of 2014 to 2019. The analysis of the joinpoint models
shows that the rate of hospitalization for PID in Brazil as a whole had an average
reduction of 5.2% per year during the period from 2000 to 2019. The Midwest region
had the highest average annual reduction (8 ,1%), followed by the Northeast (5,7%),
Southeast (5,0%), North (4,6%) and South (4,3%) regions. The age groups with the
greatest reduction in the period were 60 to 69 years in Brazil, the Northeast and the
Southeast, 50 to 59 years in the North, 80 years and over in the South and 20 to 29
years in the Midwest. The reduction in hospitalization for PID is probably linked to
increased access to primary care in the period studied. We also emphasize the need
to expand public policies aimed at women's health, especially in the 10-19 age group.
In this context, it is also included the creation of prevention and awareness programs
regarding PID, as well as the consequences of risk behavior for STI. A doença inflamatória pélvica (DIP) é um processo inflamatório que afeta as
estruturas do trato genital superior tais como: útero, tubas uterinas, ovários e
estruturas anexas, provocando endometrite, salpingite, ooforite, abscesso do tubo
ovárico, e peritonite. Tal grupo de doenças atinge as mulheres em todo o mundo,
trazendo sérias consequências para a saúde, gastos com tratamentos e
hospitalizações. A DIP é considerada uma das principais causas de infertilidade tubal
e fator de risco para a gravidez ectópica. A DIP geralmente é consequência de
infecção por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Os principais fatores de
risco são: múltiplos parceiros sexuais, história prévia de DIP e infecções sexualmente
transmissíveis (IST), imunossupressão e endometriose. Considerando que no Brasil
a porta de entrada para o sistema de saúde é a atenção primária, as características
da DIP se enquadram como uma condição sensível a esse nível de atenção. Assim,
o objetivo deste estudo foi analisar a tendência temporal das internações hospitalares
por doença inflamatória pélvica em mulheres no Brasil e nas grandes regiões. Estudo
ecológico longitudinal, cujo público alvo foi mulheres com idade de 10 anos e mais
que tiveram internação hospitalar registrada no Sistema de Informações Hospitalares
do SUS–SIH/SUS no Brasil no período de 2000 a 2019. Utilizou-se o programa Excel
para computar as taxas de internações padronizadas. Num segundo momento, o
programa estatístico Joinpoint foi utilizado para estimar os modelos de regressão
segmentada. Este modelo de regressão permitiu estimar a variação anual média para
o período do estudo e os pontos (anos) de modificação da tendência. As maiores taxas
foram registradas na região Norte e Nordeste. Os resultados encontrados denotaram
tendência geral de queda das internações em quase todas as faixas etárias e em todas
as regiões. A faixa etária de 10 a 19 anos foi a única que apresentou aumento
significativo nas regiões Sudeste no período de 2008 a 2019 e na região Nordeste no
período de 2014 a 2019. A análise dos modelos joinpoint denota que a taxa de
internação por DIP no Brasil como um todo teve uma redução média de 5,2% ao ano
durante o período de 2000 a 2019. A região Centro-Oeste teve a maior redução média
anual (8,1%), seguida das regiões Nordeste (5,7%), Sudeste (5,0%), Norte (4,6%) e
Sul (4,3%). As faixas etárias com maior redução no período foram de 60 a 69 anos no
Brasil, no Nordeste e no Sudeste, de 50 a 59 anos no Norte, de 80 anos e mais no Sul
e de 20 a 29 anos no Centro-Oeste. A redução de internação por DIP provavelmente
está atrelada ao aumento do acesso à atenção primária no período estudado.
Destacamos também, a necessidade de ampliar as políticas públicas voltadas para a
saúde da mulher, principalmente na faixa etária de 10 a 19 anos. Neste contexto
insere-se também a criação de programas de prevenção e conscientização sobre a
DIP, assim como as consequências de comportamento de risco para as IST.