Dissertação
Os Orfeus da "Aquarela": um estudo sobre a questão racial a partir do batuque afro-brasileiro de Nelson Silva
Autor
Oliveira, Janine Neves de
Institución
Resumen
The present work aims to describe and analyze Nelson Silva’s Afro-Brazilian Batuque and its members, by inserting them in the historical-anthropological discussion on race and racism in Brazil. Nelson Silva’s Afro-Brazilian Batuque is a choral, dance and rhythm group, composed by black men and women in the city of Juiz de Fora/MG, whose foundation dates back to 1964. The lyrics performed by the Batuque refer to the slavery period and the afro-brazilians situation in the nacional society, cadenced by rhythms as the moans, the “samba de roda”, the “baião”, the “maxixe”, the “maracatu”, the “maculelê”, the “jongos”, among others. Specifically, this study presents an ethnographic analysis of Nelson Silva’s Afro-Brazilian Batuque, seeking to reflect and understand how the group, in its entirety, and its members, in its particularities, present and stand before the Brazilian racial issue, from the observation of its presentations, stories, experiences, agenda. It was possible, therefore, to reach some conclusions. It is noticed that the Batuque, as a group, represents enslaved, through artistic performance and song lyrics, narrating periods of Brazilian history. In turn, its members are themselves heirs to the Brazilian and the Juizforano legacy, and, consequently, the effects of socio-cultural and historical conformation of the country and its locality. Also, we may notice a break of paradigms involving the group’s goals, as soon as its board changes from white people to black militants, reflection the black movement positions and strengthening the group’s commitment with the black cause. O presente trabalho visa descrever e analisar o Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva e seus integrantes, inserindo-os na discussão histórico-antropológica sobre raça e racismo no Brasil. O Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva é um grupo de canto coral, dança e ritmo, composto por negros e negras da/na cidade de Juiz de Fora/MG, cuja fundação remonta ao ano de 1964. As letras das músicas executadas pelo Batuque referem-se ao período escravista e a situação do negro na sociedade brasileira, compassadas por ritmos, como os lamentos, os sambas de roda, o baião, o maxixe, o maracatu, o maculelê, os jongos, dentre outros. Especificamente, este estudo apresenta uma análise etnográfica do Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva, buscando refletir e compreender como o grupo, em sua totalidade, e seus integrantes, em suas particularidades, apresentam e se colocam perante a questão racial brasileira, a partir da observação de suas apresentações, histórias, vivências, agenda. Foi possível, assim, chegar a algumas conclusões. Percebe-se que o Batuque, enquanto grupo, representa escravizados, por meio da perfomance artística e das letras de música, narrando períodos da história brasileira. Por sua vez, seus integrantes são, eles próprios, herdeiros do legado do Brasil e de Juiz de Fora, e, consequentemente, dos efeitos advindos da conformação histórica e sociocultural do país e da localidade. Igualmente, nota-se uma ruptura de paradigmas envolvendo os objetivos do grupo, a partir do momento em que sua diretoria desloca-se de pessoas brancas para negros militantes, refletindo os posicionamentos do movimento negro atual e reforçando o compromisso do grupo com a causa negra. FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais