Dissertação
Um mundo que cabe nas mãos: análise do contrato social e das relações de reconhecimento no romance Fogo Morto, de José Lins do Rego
Autor
Alvim, Ana Lívia Cardoso Castanheira
Institución
Resumen
Assuming that novelists, like other intellectuals, practice sociological imagination,
based on their experiences and perspectives, we intend to carry out a dialogue between the novel
and some social theories. We chose the novel Fogo Morto by José Lins do Rego, due to the
world he presents us, demonstrating the synthesis of the decadence of the engenhos in Várzea
da Paraíba in the face of the structural changes caused by modernization. Among these changes
is a change in the social relations and morals that serve as a basis, generating innumerable
conflicts, injustices and disrespect. For a reinterpretation of the novel based on social theory,
we start from the concepts of moral economics coined by E. P. Thompson, injustice as outlined
by Barrington Moore and recognition through the theory of Axel Honneth. At first, we unveiled
the author and his work, demonstrating his perception of regionalism (tradition) and decay.
Then we describe the characters reading them from the theory of Recognition. Finally, we
carried out the novelist's encounter with social theory, demonstrating his aptitude to intuit and
express the norms that made up the (implicit) social contract and how this contract influenced
the identity of his characters, in a way that makes his book as an ally understanding of that
society and observes the novelist as an intellectual capable of contributing to social theories. Partindo do pressuposto de que os romancistas, assim como demais intelectuais,
praticam a imaginação sociológica, tendo como base suas experiências e perspectivas,
pretendemos realizar um diálogo entre o romance e algumas teorias sociais. Escolhemos o
romance Fogo Morto de José Lins do Rego, devido ao mundo que ele nos apresenta,
demonstrando a síntese da decadência dos engenhos na Várzea da Paraíba diante das mudanças
estruturais causadas pela modernização. Dentre essas mudanças encontra-se uma mudança das
relações sociais e da moral que lhes servem de base, gerando inúmeros conflitos, injustiças e
desrespeito. Para uma reinterpretação do romance a partir da Teoria social partimos dos
conceitos de economia moral cunhado por E. P. Thompson, injustiça conforme delineada por
Barrington Moore e reconhecimento através da teoria de Axel Honneth. Num primeiro
momento desvelamos o autor e sua obra, demonstrando sua percepção de regionalismo
(tradição) e decadência. Em seguida descrevemos os personagens realizando uma leitura destes
a partir da teoria do Reconhecimento. Por fim, realizamos o encontro do romancista com a
teoria social, demonstrando sua aptidão para intuir e expressar as normas que compunham o
contrato social (implícito) e como esse contrato influenciava na identidade dos seus
personagens, de maneira que torna seu livro como um aliado na compreensão daquela sociedade
e observa o romancista como um intelectual capaz de contribuir para as teorias sociais.