Dissertação
O desenvolvimento da grande indústria nos setores têxtil, químico e mecânico no Brasil
Autor
Guedes, Leandro Theodoro
Institución
Resumen
The present study tried to demonstrate the evolution of large industry in Brazil in three selected manufacturing sectors: textile, chemical and mechanical. This effort was possible by the use of the Marxian categories that summarize the different social relations in capitalism, which describe different means of extracting surplus value: cooperation, manufacture and large industry. These categories proved to be more appropriate than those commonly used, such as Taylorism, Fordism and Toyotism to describe the changes in labour process. The latter ones disregard the main technical changes and are particulary different because of aspects of work organization. The results showed that in the textile sector there was a rapid inflection to the large industry, with a large machine system and a very disqualified workforce. The development of this large industry, however, was restricted, as it did not reach global markets. In the chemical industry, there was no inflection because of the nature of the production, although, at some points, such as in the production of medicines, this inflection could be verified. In this case, the development of the large industry was more robust with broad industry complexification (especially for the petrochemical) with large capital intensification and the use of skilled labor. The inflection in the mechanical sector was even later in the 1980s, and development was also restricted as it depended on imports. In all cases, it was possible to observe how large industry is related labor exploitation, but does not necessarily change the pattern of accumulation in the sectors. Regulationist categories would not be able to capture these changes, since they are much more localized in the organization of labor and take accumulation regimes without regard to sectoral or even national specificities. O presente estudo procurou demonstrar a evolução da grande indústria no Brasil em três setores selecionados da indústria: têxtil, químico e mecânico. Esta empreitada foi possível a partir da utilização das categorias marxianas que resumem as diferentes relações sociais no capitalismo, que descrevem distintos meios de extração do mais-valor: cooperação, manufatura e grande indústria. Entendeu-se serem estas categorias mais apropriadas que as usualmente utilizadas, como o taylorismo, fordismo e toyotismo. Essas últimas desconsideram as principais mudanças técnicas e se diferenciam mais por conta de aspectos da organização do trabalho. Os resultados da pesquisa mostraram que, no setor têxtil, houve uma inflexão rápida para a grande indústria, com amplo sistema de máquinas e força de trabalho muito desqualificada. O desenvolvimento dessa grande indústria, contudo, foi restrito, com o setor não alcançando mercados globais. No setor químico, não houve inflexão justamente por conta da natureza da produção, embora em alguns pontos como na produção de medicamentos essa inflexão pudesse ser verificada. Nesse caso, o desenvolvimento da grande indústria foi mais robusto com ampla complexificação do setor (sobretudo para os gêneros da petroquímica) havendo muita intensificação de capital e utilização de mão de obra qualificada. A inflexão no setor mecânico foi mais tardia, somente nos anos 1980 e, o desenvolvimento, também restrito com a dependência de importações. Em todos os casos foi possível observar como a grande indústria impulsiona a exploração do trabalho, mas não necessariamente modifica o padrão de acumulação nos setores. As categorias regulacionistas não conseguiriam capturar essas modificações, uma vez que estão muito mais localizadas na organização do trabalho e também tomam os regimes de acumulação sem considerar as especificidades setoriais, ou mesmo nacionais. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior