Dissertação
Formação docente em História acerca da violência de gênero: possibilidades para trabalhar a cultura do estupro na escola.
Autor
Bergo, Vitória Marques
Institución
Resumen
The present assignment aims to contribute to the training of History instructors within gender studies reflecting, from the criminal kidnapping process, defloration and rape of the victim Zulmira Guimarães Fortes, opening possibilities to discuss culture of raping and education. The process proved to be a historical powerful source way of understanding about the mechanisms of accountability and blaming women victims of sexual violence, simultaneously with the legal protection of male from wealthy classes and mostly white men, relational phenomenon that still occurs widely nowadays. The legal process is currently preserved in the Municipal Historical Archive of Juiz de Fora, dated 1909. It brings the investigation of the crimes based on the victim's complaint Zulmira and her father Galdino to court, reporting that she had suffered defloration followed by rape committed by two recently graduated history instructors, certified by Universidade Federal de Juiz de Fora, through the focus group methodology. The search participants assisted in the documentary analysis, in which the guiding question of the meetings was to understand how the newly graduated teachers viewed the potentiality of the process to think history teaching, inquiring gender relations, sexuality and violence taken as natural in our society. Showing the neglect of the trajectories of women struggle’s memories, I reinforce along Joan Scott that “inscribing women in history necessarily implies the redefinition and widening of traditional notions of what is historically important” (SCOTT, 1995, p.74) promoting the emergency of the study of the theme for the history teaching in Brazil. Aiming to think in the proposition of pedagogical practices anti-rape, research studies are part of the theoretical-methodological apparatus poststructuralist studies, gender and feminist studies, especially the black and counter-colonial feminism. O presente trabalho tem o objetivo de contribuir com a formação de docentes em História junto aos estudos de gênero, pensando a partir do processo criminal de rapto, defloramento e estupro da vítima Zulmira Guimarães Fortes possibilidades para se discutir cultura do estupro e educação. O processo mostrou ser uma fonte histórica potente para pensar os mecanismos de responsabilização e culpabilização de mulheres vítimas de violência sexual, simultaneamente à proteção jurídica de sujeitos masculinos oriundos de classes abastadas e em sua maioria homens brancos, fenômeno relacional que ocorre amplamente ainda hoje no presente. O processo encontra-se atualmente conservado no Arquivo Histórico Municipal de Juiz de Fora, datado do ano de 1909. Traz a investigação dos crimes a partir da denuncia da vítima Zulmira e de seu pai Galdino à justiça, relatando ter sofrido defloramento seguido de estupro por dois homens diferentes. A pesquisa foi traçada e construída junto a três recém-formados docentes em História, licenciados pela Universidade Federal de Juiz de Fora, através da metodologia de grupo focal. Os participantes da pesquisa auxiliaram na análise documental, em que a questão norteadora dos encontros tratavase em buscar entender como os recém-formados professores visualizavam a potencialidade do processo para se pensar o ensino de história, problematizando relações de gênero, sexualidade e violência dadas como naturais em nossa sociedade. Denotando o esquecimento da memória das trajetórias de luta feminina, reitero junto a Joan Scott que “inscrever as mulheres na história implica necessariamente na redefinição e no alargamento das noções tradicionais do que é historicamente importante” (SCOTT, 1995, p.74) fomentando a emergência do estudo do tema para o ensino de história no Brasil. Visando pensar na proposição de práticas pedagógicas anti estupro, são parte do aparato teórico- metodológico de investigação os estudos pós-estruturalistas, os estudos de gênero e os estudos feministas, sobretudo o feminismo negro e contra-colonial.