Tese
“Foi na raça”: histórias de professores de português para estrangeiros
Autor
Demarchi, Mariana de Camargo Bessa
Institución
Resumen
The theme of this research refers to the beliefs and experiences of teachers
of Portuguese as a Foreign Language regarding their role in the process of teaching.
Assuming that most teachers of Portuguese for non-Brazilians did not have specific
formal instruction in the area, we aim to analyse the experiences and beliefs of ten
teachers, in order to understand how these teachers learned (and are learning) to
educate students linguistically and to investigate the way in which those who already
work in teaching insert themselves and present themselves in the world of
Portuguese as a Foreign Language. Based on the socio-constructionist perspective
of narrative (BASTOS, 2005; BRUNER, 1997; LINDE, 1993); in the concepts of
identity (HALL, 2006; ALVES, 2019) and belief (BARCELOS, 2006); in Interactional
Sociolinguistics constructs - such as Goffman's concept of Face (1967) - and in the
concept of Deixis (LEVINSON, 1983) as analytical tools, we will analyze how these
beliefs about teacher education are constructed through interviews. This work is part
of the qualitative research tradition of an interpretive nature (MASON, 1996). The
data generation occurred from two movements. At first, we sent a questionnaire to a
group of professors of Portuguese for non-Brazilians who work in the coordination of
the application of the CELPE-Bras exam in institutions in Brazil and in other
countries. Secondly, we carried out unstructured interviews (FONTANA; FREY,
1994) with these teachers in the area of Portuguese for foreigners. From the stories
narrated, we could notice: the force of chance in the training paths and the
overcoming of adversities, since most of the teachers interviewed had in-service
training, in practice; the defense of an intercultural linguistic education (MENDES,
2022). From the point of view of the construction of the narratives, we observed the
recurrence of evaluations regarding their formations and the attempts to preserve the
face during the conversations. The speeches of professors point out the need for
greater institutionalization of the area and suggest ways to develop a training of
professionals in the area of Portuguese as a Foreign Language. Esta pesquisa trata de experiências narradas e crenças compartilhadas por
docentes a respeito de seus processos de formação na área de português para
estudantes de outros países. Partiu-se da informação de que a formação específica
para se atuar como professor de português para não-nativos não é, ainda hoje,
frequente entre os profissionais que atuam na área. O objetivo geral do presente
estudo é analisar as experiências e crenças de nove docentes, a fim de
compreender como eles aprenderam (e aprendem) a educar linguisticamente os
discentes e investigar o modo como quem já atua na docência se insere e se
apresenta no mundo do português para estudantes não brasileiros. Com base na
perspectiva socioconstrucionista de narrativa (BASTOS, 2005; BRUNER, 1997;
LINDE, 1993); nos conceitos de identidade (HALL, 2006; ALVES, 2019) e de crença
(BARCELOS, 2006); em construtos da Sociolinguística Interacional - como o
conceito de Face de Goffman (1967) – e no conceito de Dêixis (LEVINSON, 1983)
como ferramentas analíticas, analisaremos como essas crenças a respeito da
formação docente são construídas ao longo de entrevistas. Esse trabalho está
inserido na tradição de pesquisa qualitativa de cunho interpretativo (MASON, 1996).
A geração de dados ocorreu a partir de dois movimentos. Inicialmente, enviamos um
questionário para um grupo de professores e professoras de português para não
brasileiros que atuam na coordenação da aplicação do exame CELPE-Bras em
instituições do Brasil e de outros países. Em uma segunda etapa, realizamos
entrevistas não estruturadas (FONTANA; FREY, 1994) com esses mesmos
professores da área de português para estrangeiros. Pudemos notar, a partir das
histórias narradas: a força do acaso nas trilhas de formação e a superação das
adversidades, já que grande parte dos entrevistados teve uma formação em serviço,
na prática; a defesa por uma educação linguística intercultural (MENDES, 2022).
Sob o ponto de vista da construção das narrativas, observamos a recorrência de
avaliações a respeito das formações dos professores e as tentativas de preservação
de face durante as conversas. As falas dos docentes apontam a necessidade de
uma maior institucionalização da área e sugerem princípios para percursos
formativos de professoras e professores de português para não brasileiros.