Tese
Treino é treino e jogo é jogo? Influência da situação (treino – jogo) e da posição nas demandas de deslocamentos e carga de trabalho em atletas profissionais de voleibol
Autor
Horta, Thiago Andrade Goulart
Institución
Resumen
Objective: The present study had four main objectives: 1) To analyze and compare
the demands for displacement of training and games between the positions of
performance of a professional volleyball team in a competitive season; 2) Analyze
and compare the demands of heart rate and workload derived from the heart rate of
training and games between the positions of performance; 3) Analyze if there is a
relationship between the external load performed and the internal load presented by
the different positions of performance in training and game situations; 4) Analyze if
there is a relationship between markers of external and internal workload in the game
with statistical indicators of game performance. Methods: A team participating in the
Superliga B was monitored for the external and internal workload of the athletes
during a competitive season. Sixty-one (61) tactical training sessions and nine (9)
official games were monitored. Athletes were monitored through the Polar Team Pro
System device, which records a series of information on the external load performed
and the internal load manifested by the athlete through recorded displacements and
heart rate data. To compare the demands of displacements and physiological
workload of athletes in training and game situations, the data of the 7 athletes
considered holders (1 setter, 1 libero, 2 middle-blockers, 2 hitter spikers and 1
opposite) who were fixedly monitored with the same sensor during the research were
used for the analysis. The data were presented as mean ± standard deviation and for
the analyzes Mixed Generalized Linear Models (GLMM) with autoregressive
variance-covariance (AR) structure and post-hoc Bonferroni test were used. Results:
Significant effects of position, session type and interaction between position and
session were found on displacement measures (external load) and physiological
workload (internal load). In the analysis of displacement demands, greater distances
were observed in the games compared to the tactical training sessions (game: 4,541
± 912 / training: 3,222 ± 1,220 meters, p < 0.001). In addition, the setter was the
position that covered the greatest distances in training and games compared to the
other positions (Setter – game: 5,413 ± 872 / training: 3,713 ± 1,144 meters; Libero –
game: 4,515 ± 873 / training: 2,953 ± 1,144 meters; Opposite - game: 4,236 ± 869 /
training: 2,777 ± 1,150 meters; Middle-blocker - game: 4,312 ± 868 / training: 3,355 ±
1,149 meters; Hitter spiker - game: 4,227 ± 857 / training: 3,321 ± 1,157 meters; p <
0.001). A similar pattern was identified for the variable "Total accelerations +
decelerations", with setters (game: 2,537 ± 322 / training: 1,538 ± 402 actions; p <
0.001) and liberos (game: 2,253 ± 322 / training: 1,453 ± 402 actions; p < 0.001)
showing the largest amount of this type of action in training and games compared to
other positions (p < 0.001). Regarding heart rate (HR) demands, volleyball athletes
spent more time in HR zone 2 (60 – 69% of HR max) in training (26 min) and games
(49 min). In all HR intensity zones (1, 2, 3, 4 and 5) a longer time was observed in the
game situation (p < 0.001). Setters and liberos showed a greater amount of time in
the lower zones of HR intensity (zones 1 and 2) compared to spikers. When
considering the higher HR intensity zones (zone 4: 80 – 89% of HR max and zone 5:
90 – 99% of HR max), spikers remained longer than setters and liberos. The time
spent in the higher intensity HR zones (zone 4) showed a strong correlation with the
final physiological workload (Polar Training Load) manifested by the spikers
(Opposite: r = 0.845 / p < 0.001; Middle-blocker: r = 0.902 / p < 0.001; Hitter spiker: r
= 0.795 / p < 0.001). The values presented for external and internal load were
significantly higher (p < 0.001) in the game situation compared to the tactical training
sessions. Significantly strong and very strong correlations (ranging from r = 0.580 to r
= 0.868, p < 0.001) were found for the external load vs. internal load when analyzed
specifically for each position. The results showed a strong influence of “Total
accelerations + decelerations” on the “Recovery time” for the preparation positions
(Setter: r = 0.738 / p < 0.001 and libero: r = 0.783 / p < 0.001). Significantly strong
negative correlations were found between Total Distance vs Side Out (r = -0.764; p =
0.016); Total Accelerations + Decelerations vs Side Out (r = -0.723; p = 0.028); Trimp
Edwards vs Side Out (r = -0.783; p = 0.013) and Training Load Polar vs Side Out (r =
-0.779; p = 0.013). Conclusion: It is concluded that the demands of displacements
and physiological workload imposed on athletes in the game are significantly higher
than the demands of tactical training sessions. Furthermore, these demands are
different when considering the player's acting positions. Finally, it is concluded that
the intermittent displacements registered in volleyball practice (Total Distance and
Total of accelerations + decelerations) are shown to be strongly related to the final
wear pointed out by the athletes through the workload variables (Session PSE, Trimp
Edwards and Training Load Polar) and side-out performance of games. Objetivo: O presente estudo teve quatro objetivos principais: 1) Analisar e comparar
as demandas de deslocamentos de treinos e jogos entre as posições de atuação de
uma equipe profissional de voleibol em uma temporada competitiva; 2) Analisar e
comparar as demandas de frequência cardíaca e carga de trabalho derivada da
frequência cardíaca de treinos e jogos entre as posições de atuação; 3) Analisar a
relação da carga externa realizada com a carga interna apresentada pelas diferentes
posições de atuação em situação de treino e jogo; 4) Analisar a relação de
marcadores de carga externa e interna de trabalho no jogo com indicadores
estatísticos de desempenho no jogo. Métodos: Uma equipe participante da
Superliga B foi monitorada em relação a carga de trabalho externa e interna dos
atletas durante uma temporada competitiva. Foram monitoradas 61 sessões de
treinamento tático e 9 jogos oficiais. Os atletas foram monitorados através do
dispositivo Polar Team Pro System, que registra uma série de informações da carga
externa realizada e a carga interna manifestada pelo atleta através dos
deslocamentos registrados e dados da frequência cardíaca. Para comparar as
demandas de deslocamentos e carga de trabalho fisiológica dos atletas em situação
de treino e jogo, foi utilizado para as análises os dados dos 7 atletas considerados
titulares (1 levantador, 1 líbero, 2 centrais, 2 ponteiros e 1 oposto) que foram
monitorados de forma fixa com o mesmo sensor durante a pesquisa. Os dados
foram apresentados como média ± desvio padrão e para as análises foram utilizados
Modelos Lineares Generalizados Mistos (GLMM) com estrutura de variânciacovariância autorregressiva (AR) e teste post-hoc de Bonferroni. Resultados: Foram
encontrados efeitos significativos da posição, do tipo de sessão e da interação entre
posição e sessão sobre as medidas de deslocamentos (carga externa) e carga de
trabalho fisiológica (carga interna). Na análise das demandas de deslocamentos, foi
observado maiores distâncias percorridas nos jogos comparados as sessões de
treinamento tático (jogo: 4.541 ± 912 / treino: 3.222 ± 1.220 metros, p < 0.001). Além
disso, o levantador foi a posição que percorreu as maiores distâncias em treinos e
jogos comparado as demais posições (Levantador – jogo: 5.413 ± 872 / treino: 3.713
± 1.144 metros; Líbero – jogo: 4.515 ± 873 / treino: 2.953 ± 1.144 metros; Oposto –
jogo: 4.236 ± 869 / treino: 2.777 ± 1.150 metros; Central – jogo: 4.312 ± 868 / treino:
3.355 ± 1.149 metros; Ponteiro – jogo: 4.227 ± 857 / treino: 3.321 ± 1.157 metros; p
< 0.001). Padrão semelhante foi identificado para a variável “Total de acelerações +
desacelerações”, com os levantadores (jogo: 2.537 ± 322 / treino: 1.538 ± 402
ações; p < 0.001) e líberos (jogo: 2.253 ± 322 / treino: 1.453 ± 402 ações; p < 0.001)
apresentando a maior quantidade desse tipo de ação em treinos e jogos em relação
as demais posições (p < 0.001). Em relação as demandas de frequência cardíaca
(FC), os atletas de voleibol permaneceram maior quantidade de tempo na zona 2 da
FC (60 – 69% da FC máx) em treinos (26 min) e jogos (49 min). Em todas as zonas
de intensidade da FC (1, 2, 3, 4 e 5) foram observados maior tempo na situação de
jogo (p < 0.001). Levantadores e líberos apresentaram maior quantidade de tempo
nas zonas inferiores de intensidade da FC (zonas 1 e 2) comparados aos atacantes.
Quando consideradas as zonas superiores de intensidade da FC (zona 4: 80 – 89%
da FC máx e zona 5: 90 – 99% da FC máx), os atacantes permaneciam mais tempo
em relação aos levantadores e líberos. O tempo gasto nas zonas de FC de maiores
intensidades (zona 4) apresentou forte correlação com a carga de trabalho fisiológica
final (Training Load Polar) manifestada pelos atacantes (Oposto: r = 0.845 / p <
0.001; Central: r = 0.902 / p < 0.001; Ponteiro: r = 0.795 / p < 0.001). Os valores
apresentados de carga externa e interna foram significativamente superiores (p <
0.001) na situação de jogo comparados as sessões de treino tático. Correlações
significativamente fortes e muito fortes (variando entre r = 0.580 a r = 0.868, p <
0.001) foram encontradas para a relação da carga externa vs carga interna quando
analisadas especificamente para cada posição. Os resultados mostraram forte
influência do “Total de acelerações + desacelerações” no “Tempo de recuperação”
para as posições de preparação (levantador: r = 0.738 / p < 0.001 e líbero: r = 0.783
/ p < 0.001). Foram encontradas correlações negativas significativamente fortes
entre Distância Total vs Side Out (r = -0.764; p = 0.016); Total de acelerações +
desacelerações vs Side Out (r = -0.723; p = 0.028); Trimp Edwards vs Side Out (r = -
0.783; p = 0.013) e Training Load Polar vs Side Out (r = -0.779; p = 0.013).
Conclusão: Conclui-se que as demandas de deslocamentos e carga de trabalho
fisiológica impostas aos atletas no jogo são significativamente superiores em relação
as demandas das sessões de treino tático. Além disso, essas demandas são
diferentes quando se considera as posições de atuação do jogador. Conclui-se por
fim, que os deslocamentos intermitentes registrados na prática do voleibol (Distância
Total e Total de acelerações + desacelerações), demonstram se relacionar
fortemente com o desgaste final apontado pelos atletas através das variáveis de
carga de trabalho (PSE da sessão, Trimp Edwards e Training Load Polar) e
desempenho no side-out dos jogos.