Artigo de Evento
Autotransplante de baço: reatividade imunológica para o controle da infecção por Leismania chagasi
Autor
Teixeira, Henrique Couto
Lima, Izabelly Fávero Souza
Augustin, Marina da Costa
Ferreira, Ana Paula
Rezende, Alice Belleigoli
Fernandes, Bruno Faria
Souza, Maria Aparecida de
Institución
Resumen
- Introdução: O transplante autógeno ou autotransplante de baço representa uma tentativa de se preservar condições adequadas de imunidade em
pacientes esplenectomizados, evitando uma complicação grave e comum, a septicemia fulminante pós-esplenectomia total. Resultados anteriores
realizados no Laboratório de Imunologia do ICB-UFJF comprovaram a participação ativa das células do enxerto no desenvolvimento de resposta
imune T-dependente. Células esplênicas do implante preservam a capacidade de produzirem anticorpos contra hemácias de carneiro, independente
do sitio de implante ser efetuado no omento maior, na cavidade peritonial (esplenose aleatória) ou no retroperitônio. Além disso, a estrutura
morfológica do tecido autotransplantado através de estudo de cortes histológicos, mostrou grande semelhança com o órgão original (NUNES et al.,
World J. Surg., 19: 1623-9, 2005). Foi também avaliada a preservação da imunidade celular em camundongos autotransplantados através da
capacidade de controle da infecção por Staphylococcus aureus. Nossos resultados mostraram que a presença do autotransplante esplênico confere
maior capacidade de controle da disseminação sistêmica do S.aureus (TEIXEIRA et al., Clin. Exp. Immunol., 2008, no prelo). Neste trabalho foi
avaliada, pela primeira vez, a influência da esplenectomia e do autotransplante de baço no controle da infecção por Leishmania chagasi, agente
responsável pela leishmaniose visceral, doença infecciosa fatal se não tratada. Formas amastigotas de L. chagasi sobrevivem no interior de
macrófagos levando a hepatoesplenomegalia. Métodos: Camundongos BALB/c foram divididos em três grupos (n=5): controle operação simulada ou
grupo sham (SH), grupo esplenectomizado (SP) e grupo autotransplantado em retroperitônio (RP). Trinta dias após a cirurgia os animais foram
infectados intraperitonialmente com 106 formas promastigotas de L. chagasi. Após trinta dias de infecção, o sangue foi coletado para avaliação de
anticorpos anti-L.chagasi e os animais foram sacrificados. Baço e fígado foram retirados para avaliação da produção de TNF-alfa e IFN-gama através
do ELISA. Resultados: O grupo controle SH apresentou maior produção de IFN-gama no fígado quando comparado aos outros grupos. Por outro
lado, as células esplênicas do grupo RP tiveram produção maior dessa citocina quando comparado ao grupo controle. Os grupos SH e RP não
mostraram diferença significativa na produção de TNF-alfa no fígado e baço. Os animais do grupo SP tiveram produção menor de IgG sérica quando
comparados aos demais grupos. Conclusão: Estes dados sugerem que a esplenectomia pode modificar a produção de anticorpos e citocinas do
hospedeiro na infecção por L. chagasi, e o autotransplante de baço pode reverter este cenário.