Artigo de Evento
Nobres e principais desta terra: deslocamentos, estratégias sociais e perfil econômico dos homens ricos de Minas Colonial
Autor
Almeida, Carla Maria Carvalho de
Silva, Thiago Stering Moreira da
Munck, Bárbara Rossi
Martins, Fransuelen Marci
Institución
Resumen
- O rei, o terremoto e as elites coloniais
O ano de 1755 ficou marcado como um ano ruim para o reino português. Tal ano foi subitamente transformado no dia primeiro de novembro, dia de
Todos os Santos, por uma tragédia até então sem proporções. Um violento terremoto antigiu em cheio a cidade de Lisboa, uma das mais opulentas
do período. A cidade foi quase totalmente arrasada sendo que, das suas vinte mil habitações, apenas três mil permaneceram de pé. Mesmo distante,
tal acontecimento, teve implicações diretas para os habitantes da América portuguesa. Umas das conseqüências mais direta e imediatamente
sentidas pelos súditos coloniais, foi a necessidade da Coroa de criar receitas extraordinárias para viabilizar a reconstrução de Lisboa. A fim de
verificar quem poderia enviar recursos para a reconstrução da capital do Império Português, o Conselho Ultramarino mandou que se elaborasse uma
lista com o nome dos mais abastados homens da Capitania de Minas. Tal lista foi produzida em 1756 pelo então provedor da fazenda, Domingos
Pinheiro. É ela o ponto de partida da pesquisa “Nobres e Principais desta terra; deslocamentos, estratégias sociais e perfil econômico dos homens
ricos de Minas Colonial”, que desenvolvemos há algum tempo. A análise que aqui propomos, como desdobramento do trabalho até aqui desenvolvido
na pesquisa, está centrada especificamente na forma pela qual a elite colonial agiu diante da tragédia ocorrida em Portugal. Pretendemos, por meio
de uma leitura atenta das cartas, ofícios, requerimentos, consultas e demais documentos que compõem a documentação avulsa tanto do Arquivo
Histórico Ultramarino relativo a Minas Gerais, quanto da documentação relativa ao Rio de Janeiro, escrutinar a forma pela qual a elite estabelecida se
inseriu dentro das ações propostos pela coroa visando a reedificação de Lisboa. Para tanto lançaremos mão de um aporte teórico ligado a uma nova
abordagem que compreende a colônia brasileira como integrante do vasto Império Português e possuidora de uma lógica corporativa e
hierarquizada, imersa em redes complexas de reciprocidade e solidariedade.