O câncer é regularmente reportado como uma causa habitual de morte em cães, sendo que um a cada quatro será diagnosticado com essa doença ao longo de sua vida e aproximadamente metade dos cães maiores de dez anos virão a óbito em virtude disso. Alterações genéticas e não genéticas podem dar início ao câncer e nesse sentido destaca-se as não genéticas resultantes de inflamação, já que essa condição é capaz de converter o microambiente celular fisiológico em um microambiente tumoral, o que pode conduzir a mutações e por consequência ao início dessa doença. A inflamação é uma resposta fisiológica do sistema imunológico, porém os quadros crônicos, como os desencadeados nos casos de obesidade, podem atuar como iniciadores e mantenedores do câncer, visto que um microambiente inflamatório é rico em espécies reativas de oxigênio (ROS) e de nitrogênio (RNS) e citocinas próinflamatórias como interleucinas 1 (IL-1), 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNFⲀ). Assim, estratégias que reduzam a inflamação do organismo podem prevenir o início e a progressão dessa doença, sendo a nutrição uma potente ferramenta que pode ser utilizada em protocolos preventivos, terapêuticos e paliativos que a envolvem, já que os nutrientes e os compostos bioativos presentes nos alimentos podem interferir na expressão gênica. Nos últimos anos, nutracêuticos como curcumina, licopeno, fibras, probióticos, ômega 3, epigalocatequina galato, cogumelos, vitamina D e resveratrol têm sido estudados como uma alternativa auxiliar no manejo do câncer e associados a diversos benefícios incluindo a prevenção e o auxílio em seu tratamento, bem como demonstram retardar a proliferação, a invasão e a metástase das células tumorais. Além disso, o tipo de alimentação pode favorecer o desenvolvimento dessa doença e, por isso, estratégias dietéticas como o jejum intermitente e a dieta cetogênica têm sido avaliadas com a finalidade de verificar os seus benefícios no manejo do câncer. Diante disso, a intervenção nutricional evidencia-se como uma ferramenta singular por estar associada ao retardo da progressão tumoral, à atenuação dos sinais físicos e metabólicos decorrentes do crescimento do tumor e ao aumento da qualidade de vida do cão com câncer.