Tese
Justiça de transição: direito de acesso à informação, à verdade e à memória
Registration in:
OLIVEIRA, Nildete Santana de Justiça de transição: direito de acesso à informação, à verdade e a memória. 2017. 412 f. Tese (Doutorado em Direito) - Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2017.
Author
Oliveira, Nildete Santana de
Institutions
Abstract
A presente tese busca investigar criticamente a promoção da justiça de transição a partir da
realidade da transição brasileira pós-período autoritário, encetando pelos conceitos de transição
política e consolidação democrática para então descrever e analisar o modelo fundado pela
justiça de transição brasileira e lançar luz sobre o desenvolvimento dos eixos estruturantes da
justiça de transição. A asserção de uma nova compreensão dessa problemática envolve a
necessidade da percepção de elementos conceituais sobre o direito de acesso à informação, à
verdade, à memória e à justiça; essa parte conceitual visa a ordenar o conhecimento teórico
indispensável para trilhar um caminho reflexivo de inteligência dos fatos para em seguida
alargar o entendimento do objeto pesquisado para além da teoria. Analisam-se dois importantes
mecanismos da justiça de transição no Brasil, a Lei de Anistia e a Comissão Nacional da
Verdade (CNV), este último numa perspectiva comparativa com a Comissão Nacional sobre
Desaparecimento de Pessoas (Conadep) argentina, suas conclusões, suas recomendações e seus
resultados alcançados. Foi realizada uma pesquisa exploratória, descritiva e analítica com
abordagem qualitativa dos instrumentos utilizados para produção da justiça de transição. A tese
examina: i) as diferentes dimensões do problema que envolvem início e término da transição
política e da justiça de transição no Brasil; ii) o direito de acesso à informação, como direito à
transparência ativa e passiva de todos os atos governamentais e documentos em poder do Estado
que se constituem em mecanismos indispensáveis à livre participação consciente, responsável
e plena do cidadão; iii) o direito à verdade, sob as dimensões individual e coletiva (memória
social), em relação aos acontecimentos do período autoritário; iv) o direito à reparação; v) o
direito à justiça; v) a reforma das instituições e a pacificação social. O último capítulo encerra
o raciocínio sobre o fim da justiça de transição, tendo o Brasil se manifestado sobre todos os
seus eixos sem, entretanto, satisfazer de forma mais completa o direito à verdade e à memória,
a reforma institucional e a justiça persecutória. Finalmente, indicam-se possíveis caminhos para
a não repetição dos crimes de lesa-humanidade praticados durante o período de autoritarismo,
como a implementação das recomendações da CNV, a modificação do entendimento do
Supremo Tribunal Federal sobre a Lei de Anistia e a hierarquia dos tratados de direitos
humanos, elevando-os à hierarquia constitucional, consoante entendimento doutrinário
predominante, e/ou a inclusão de dispositivo literal sobre o tema na Constituição Federal, assim
como fez a Argentina.