TCC
A construção do corpo-vitrine na pós-modernidade: reflexo de uma sociedade perversa?
Registro en:
PARANAGUA, Adriana Henning. A construção do corpo-vitrine na pós-modernidade: reflexo de uma sociedade perversa?l. 2010. 80 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2010.
Autor
Paranagua, Adriana Henning
Institución
Resumen
Este trabalho, sobre as relações entre a corporalidade e o psiquismo, objetivou propor um diálogo entre a psicanálise, a partir das teorizações de Freud, Lacan e outros autores pós freudianos com estudiosos da pós-modernidade tais como Debord, Bauman e Giddens. Sob o enfoque psicanalítico, pretendeu-se abordar o fenômeno da construção do corpo-vitrine a partir de uma dimensão sociocultural em que o corpo torna-se capital de investimento não apenas sob o ponto de vista material mas sobretudo sob o aspecto libidinal. Trata-se da emergência de um corpo fetichizado e reificado que, submetido a intervenções de ordem estética e mediado pelo modo de produção capitalista, é visto como mercadoria. Especial ênfase foi concedida à análise da pulsão escópica, construto que concebe o olho enquanto fonte de libido e reconhece o olhar como seu objeto. A importância do olhar do Outro para a construção da imagem de si foi ilustrada pelo Estádio do Espelho, quando se ressaltou o aspecto falacioso da imagem bem como a relevância materna para a constituição subjetiva do indivíduo. A imagem inconsciente de si constitui-se em suporte imaginário para a busca
incansável de um ideal corporal inatingível. A construção do corpo autoplástico remete a um gozo auto-erótico que sinaliza para a onipotência do sujeito pós-moderno que, ao centrar-se
libidinalmente em si, desconsidera o Outro e pouco se predispõe ao estabelecimento de laços
intersubjetivos. A recusa à transitoriedade da beleza e à passagem do tempo parecem relacionar-se à recusa da castração e sugerem um gozo sem borda, sem limites, sem Lei. O estudo apontou para o surgimento de uma nova dinâmica psíquica influenciada por uma cultura somática e narcísica que deixa de se fundar no recalque dos desejos, típica da modernidade, e promove a perversão enquanto modo de organização subjetiva do laço social. O imperativo do gozo aponta para a prevalência de um hedonismo coletivo sobre o sintoma. Evocou-se a hipótese de que a busca incessante pelo desejo, pelo reconhecimento e, sobretudo, pelo olhar do Outro possa consistir na volátil tentativa de se preencher um vazio psíquico e de camuflar o inexorável desamparo originário do sujeito.