TCC
A relação entre institucionalização e cronificação da loucura: um relato de experiência
Autor
Machado, Thayane Martins
Institución
Resumen
O presente trabalho tem por objetivo compreender a relevância do contexto social do sujeito
em sofrimento psíquico para a sua desabilitação. Parte-se da hipótese de que a evolução
psicopatológica por si só não resulta na cronificação do indivíduo, sendo, então, a
institucionalização um agravante deste processo. Além disso, este estudo procurou refazer o
percurso teórico da construção dos conceitos de loucura e de doença mental, verificada a
importância da reavaliação e da reformulação dos saberes e práticas adotadas na área, para a
humanização e reabilitação psicossocial do sujeito em sofrimento psíquico. Para tanto, foi
desenvolvida uma revisão bibliográfica das formas de abordagem da loucura, explicitando as
forças sociais atuantes no processo de edificação do conceito desde a Antiguidade até a
Modernidade, com o estabelecimento da doença mental e do asilo psiquiátrico.
Posteriormente, foram descritas algumas importantes formulações teóricas acerca desta
categoria nosográfica, desde a perspectiva organicista até a psicossocial. Em seguida, foi
efetuada uma descrição dos mecanismos institucionais empregados nos manicômios, e
analisadas, por meio do relato de uma experiência, as implicações subjetivas deste tipo de
intervenção para o indivíduo institucionalizado. Tal reflexão possibilitou a compreensão da
loucura como uma categoria socialmente construída, bem como a identificação das forças
envolvidas no processo de legitimação do objeto enquanto doença mental. A partir de então,
foi possível estabelecer uma crítica ao modelo classificatório, pela banalização e imprecisão
diagnóstica, que desconsidera as características e possibilidades individuais. Verificou-se,
também, que tal modelo justificou ações violentas no âmbito da instituição, e que esta, por sua
vez, mortifica e destrói pessoas. Desta forma, foi considerada como alternativa a superação do
modo de atenção manicomial à saúde mental, pela efetivação das políticas públicas de
inclusão que se valem de dispositivos substitutivos à internação integral. Tal reestruturação
seria estimulada, ainda, pelo desenvolvimento de uma postura individual de revisão de
saberes e práticas frente ao sujeito em sofrimento psíquico, a fim de que não se reproduzam os
padrões manicomiais que se pretende suplantar. Isso garantiria que relatos de desumanização,
institucionalização, cronificação e aniquilação subjetiva fossem uma realidade superada, que
só se encontra nos livros de história.