dc.description | As redes de cooperação constituem-se como novas formas organizacionais que propiciam
aprendizados, competividade e oportunidades de negócios para pequenas e médias empresas, a
partir da soma de esforços provenientes das economias externas locais e das ações conjuntas dos
atores. Teoricamente, a formação de redes envolve fatores competitivos e contingenciais que
motivam as empresas a estabelecerem vínculos interorganizacionais. As bases para a atuação
conjunta são estabelecidas pelas próprias organizações, que avaliam com autonomia as interações
mais relevantes para a aquisição e otimização de recursos que estavam indisponíveis até o
momento, comparando os benefícios e custos da atuação em rede. Assim, essa pesquisa teve como
objetivo avaliar e caracterizar os aspectos organizacionais e interorganizacionais inerentes à rede
de cooperação, evidenciando a influência desses aspectos no reconhecimento legal da indicação
geográfica. Com foco nos relacionamentos interorganizacionais, buscou ainda identificar e
descrever as características relacionadas à criação de valor nas relações sociais estabelecidas em
rede. O objeto de estudo foi a rede de cooperação do biscoito, com ações centradas no município
de Vitória da Conquista, Bahia, o 3º maior dentre os 417 municípios baianos e a 5ª maior cidade
do nordeste brasileiro. O estudo fundamentou-se no método qualitativo de investigação, com
caráter exploratório e descritivo, sob o viés interpretativista. A estratégia de pesquisa foi
fundamentada no estudo de caso único e implementada pelo protocolo de estudo de caso (critério
de confiabilidade). As fontes de evidências foram coletadas por meio de três técnicas (critério de
validade), a pesquisa documental, as observações diretas e as entrevistas semiestruturadas e por
pauta (gerador sociométrico). O método de tratamento dos dados foi aplicado a partir da análise
de conteúdo (software Atlas.ti®), revelando as descrições, inferências e interpretações das
comunicações coletadas, bem como por intermédio da análise descritiva das redes sociais
(softwares Ucinet® e Netdraw®), indicando as interações entre atores sociais (nós, vínculos e
fluxos) para fins de mensurar os níveis de densidade e centralidade (Degree, Betweenness e
Closeness) dos atores na rede. Os resultados encontrados permitem concluir que: a) os fatores
competitivos e contingenciais, relacionados ao mercado e aos aspectos ambientais e
organizacionais, que tem conduzido a formação da rede de cooperação estão intrinsicamente
ligados à percepção das organizações de que um desempenho empresarial melhor não é resultado
apenas de esforços individuais, muito embora, na prática, os relacionamentos interorganizacionais
sejam bastante limitados; b) a decisão por estabelecer relacionamentos interorganizacionais tem
sido facilitada por aspectos relacionados a participação de agentes de desenvolvimento, com
proeminência para a participação do Sebrae (BA), encontrando, no entanto, dificultadores no
estreitamento da confiança e no comprometimento dos atores; c) a criação de valor relacional
tem sido prejudicada pela existência de práticas oportunistas que carecem de medidas de
neutralização (normas sociais e de conduta ética) e pela restrita integração entre os atores nas
reuniões e eventos, bem como na falta de tempo específico dedicado ao desenvolvimento das
ações da rede de cooperação; d) a participação efetiva dos produtores e comerciantes na rede de
cooperação não tem repercutido em medidas de coesão (densidade) e posicionamento
(centralidade) bem definido dos atores na troca de informações e comunicações, imprescindível
para o alcance do reconhecimento legal da indicação geográfica. | |