Perfil inflamatório alimentar e qualidade da dieta de indivíduos obesos com Apneia Obstrutiva do Sono
Autor
Bianca Aparecida de Sousa
Institución
Resumen
A apneia obstrutiva do sono (AOS) está diretamente relacionada à obesidade e ambas as condições associam-se com quadros de inflamação sistêmica. Sabe-se que a alimentação pode contribuir de modo positivo ou negativo com o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e estados inflamatórios. O objetivo do presente estudo é avaliar o perfil inflamatório alimentar e a qualidade da dieta de indivíduos obesos com AOS. Foram incluídos no estudo 40 indivíduos do sexo masculino, obesos, com AOS. Todos os participantes foram submetidos a exame de polissonografia noturna, medidas antropométricas, composição corporal por pletismografia, avaliação do consumo alimentar por registro alimentar de três dias e avaliação bioquímica para dosagem do perfil lipídico, glicídico e hormonal. Dados do consumo alimentar foram avaliados de forma qualitativa e semiquantitativa baseado na classificação NOVA do Guia Alimentar para a população brasileira. Além disso, foi realizada a avaliação quantitativa do consumo alimentar e cálculo do índice inflamatório da dieta (IID). Os resultados deste estudo demonstram que homens obesos com AOS apresentam um perfil alimentar pró-inflamatório (1,109±1,369) com valor mínimo de -2,791 e valor máximo de 3,66. Foi verificada maior frequência no consumo de alimentos in natura e minimamente processados (8,23±2,9), em relação a processados e ultraprocessados, apesar do baixo consumo de vegetais. No que se refere à avaliação quantitativa, foi observado baixo consumo de fibras, magnésio, vitamina D e vitamina E, além de distribuição adequada de macronutrientes. Não foram encontradas correlações significativas entre o IID e parâmetros de sono. O consumo de alimentos in natura correlacionou-se positivamente ao percentual do sono NREM (movimentos oculares não rápidos) estágio 3 do sono (??1,006 r20,336 p0,034) e negativamente com o número de apneias mistas ao longo da noite (??-9,909 r2-0,339 p0,033), enquanto o consumo de ultraprocessados correlacionou-se positivamente com o número de despertares totais ao longo da noite (r0,330 p0,038). Os achados do presente estudo confirmam a hipótese de que indivíduos obesos com AOS possuem um perfil alimentar pró-inflamatório e qualidade da dieta inadequada. Apesar do perfil inflamatório não apresentar correlação com a apneia do sono, o estudo demonstrou relação diretamente proporcional entre melhor qualidade da dieta e qualidade do sono.