Texto para Discussão (TD)
Uma Proposta de sistematização do debate sobre falta de engenheiros no Brasil
Texto para Discussão (TD) 1983: Uma Proposta de sistematização do debate sobre falta de engenheiros no Brasil;
A proposal for systematization of debate about the lack of engineers in Brazil
Autor
Salerno, Mario Sergio
Lins, Leonardo Melo
Araújo, Bruno César Pino Oliveira de
Gomes, Leonardo Augusto Vasconcelos
Toledo, Demétrio Gaspari Cirne de
Nascimento, Paulo A. Meyer M.
Resumen
A questão sobre escassez de trabalho qualificado no Brasil tem permeado discussões no governo, nos meios empresariais e na imprensa nos anos recentes. Isto seria particularmente preocupante quando envolve carreiras técnico-científicas, dada a relação positiva que se observa entre recursos humanos em ciência e tecnologia – Human Resources in Science and Technology – (RHST) e a renda per capita de um país. Contradizendo o senso comum, porém, a evidência empírica não parece indicar cenários de escassez, ao menos não de maneira generalizada. Os diferenciais dos salários dos engenheiros em relação às demais ocupações passaram a diminuir a partir de 2009, e os fluxos de recém-formados têm sido mais elevados do que o crescimento da demanda marginal observada no mercado de trabalho. O que estaria, então, motivando recorrentes manifestações públicas de receio de que o crescimento econômico do Brasil seja limitado por uma insuficiente disponibilidade de trabalho qualificado, particularmente de engenheiros? Este texto propõe uma sistematização do debate e destaca, com dados dos censos populacionais de 1970 a 2010, que o problema pode advir, em boa parte, do hiato geracional que coincide com a desvalorização das engenharias nas décadas de 1980 e de 1990. Este fenômeno restringe, atualmente, a oferta de engenheiros em meio de carreira, possivelmente impondo às firmas maior dificuldade em preencher postos de gerência e de liderança que demandem as competências normalmente associadas a esses profissionais. Ao lado de três outros potenciais, problemas paralelos (relacionados à baixa qualidade da formação, a déficit em competências específicas e à pouca mobilidade para regiões afastadas dos grandes centros), o hiato geracional que acarreta uma reduzida oferta relativa de engenheiros entre 35 e 59 anos parece alimentar muito da percepção de escassez desses profissionais no Brasil de hoje. 37 p. : il.