O Brasil vem experimentando uma queda significativa do seu nível de fecundidade, nos últimos 25 anos; mas este fenômeno e suas implicações continuam a ser ignorados pelo grande público. Entretanto, essa radical transformação do padrão demográfico corresponde a uma das mais importantes mudanças estruturais ocorridas na sociedade brasileira neste fim de século. A queda da fecundidade vem produzindo uma redução significativa da taxa de crescimento populacional e, consequentemente, uma modificação profunda na sua distribuição etária. Neste documento, mostra-se como o menor crescimento da população cria condições potencialmente mais favoráveis para a resolução de alguns problemas sociais referidos aos estratos mais jovens e, ao mesmo tempo, agudiza outros – como no caso do aumento significativo de pessoas contingente de idosos. Em tempos relativos, a população jovem varia a uma taxa inferior à da população idosa. Isto porque decorre algum tempo até que a população seja constituída integralmente por gerações nascidas após a queda da fecundidade. Neste intervalo, atenuam-se os problemas associados ao atendimento das necessidades de uma população jovem (principalmente no atendimento pré-escolar e na educação), enquanto ainda demora algum tempo para se intensificarem os problemas associados à população idosa (aposentadoria e saúde, por exemplo). As implicações das mudanças demográficas para a população em idades ativas e para o mercado de trabalho são mais complexas. Entretanto, elas continuarão tendo papel incisivo na trajetória futura do mercado. Desconhecer estas novas realidades e o papel das transformações demográficas implicaria perder uma oportunidade para se beneficiar a população mais carente do país. A nova dinâmica populacional trás alguns benefícios diretos claros e, também, gera outras condições favoráveis que precisam ser aproveitadas.50 p. : il.