Monografia Graduação Digital
Aspectos da vida doméstica através do aparato material na sociedade paranaense no final do século XIX
Autor
Bandeira, Beatriz Brito de Ferreira
Institución
Resumen
Orientador : Prof. Carlos Lima Monografia (graduação) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Curso de Graduação em História Inclui referências Resumo : Ao verificar aspectos da vida doméstica através do aparato material mencionado em 21 inventários, registrados entre 1880 e 1890, pudemos nos aproximar a que tipos de relações sociais na sociedade paranaense no final do século XIX. Objetivando chegar à compreensão da existência dessas relações sociais, através de seus valores, foi preciso levantar uma bibliografia a respeito da história do Paraná e analisar esses inventários. Segundo a bibliografia levantada, a partir da segunda metade do século XIX, o Paraná passa por diversas transformações econômicas. Até então, sua economia era essencialmente criatória, sendo a fazenda responsável pela construção de uma tradicional comunidade paranaense. Fortificadas em seus campos, as famílias fazendeiras criaram uma economia quase própria e consolidaram suas relações patriarcais. Porém, a partir de 1850, o Paraná passa a ter maior relevância em virtude do mate. Diante desse fenômeno, em linhas teóricas, quando acontecem alterações econômicas acredita-se na possibilidade de mudanças nas relações sociais, ocasionando uma transformação dentro da própria sociedade, devido à substituição de seus valores representativos. Para isso, fizemos uma análise dos inventários a partir de uma classificação do mais alto ao mais baixo monte-mor, em três capítulos. O primeiro descreve as casas e os escravos, o segundo e o terceiro tratam das mobílias e dos objetos de uso doméstico e pessoal. As casas revelam que existiram "moradas" no meio urbano e no meio rural. Os espólios que contêm casas nos dois ambientes, somente apareceram em inventários de alto valor monetário, que por esses motivos são considerados de elite. Enquanto que o restante, apenas tinha casas no meio rural e continha o valor reverso dos primeiros espólios classificados. No segundo e terceiro capítulo, ao analisarmos todo o aparato material que aparece nesses espólios, percebemos de uma maneira geral, que as mobílias e os objetos domésticos localizados nos ambientes voltados para a rua, demonstraram requinte, enquanto aqueles voltados para os ambientes privados mostraram simplicidade. O valor requintado nos deixa claro o desejo de exibir poder aquisitivo, o que pareceu ser uma prática comum à sociedade brasileira oitocentista. Quanto ao valor simples, este está ligado à não necessidade de investimento quotidiano doméstico. Essa despretensão nos faz crer que há uma relação ao passado dessa sociedade. O que concluímos diante de toda essa análise sobre os inventários e os valores sociais que desvendamos, apoiados na bibliografia consultada é a existência de uma mudança social de cima para baixo. É o fato da "elite" possuir casas no meio rural e no meio urbano, mas ao mesmo tempo, o seu aparato material voltado para o íntimo estar constituído de valores simples e patriarcal. De uma certa maneira esse tradicionalismo refletido na intimidade familiar nos passa a idéia de que o poder aquisitivo, exposto sobre o aparato material voltado para a rua é um reforço dos valores patriarcais regionalistas aos moldes de uma sociedade brasileira oitocentista.
PALAVRAS CHAVE: Sociedade Paranaense, Século XIX, Patriarcalismo.