Dissertação
Redes e vigilância no Xingu: a reconfiguração do território ribeirinho
Registro en:
Autor
BAITELLO, Clara Bezerra de Menezes
Institución
Resumen
This work examines how the construction of the Belo Monte Hydroelectric Dam at
Xingu River, in Altamira city, Pará state is transforming the relationship between
ribeirinhos, riverine people, and their traditional territories. Before the dam, the
riverine people maintained relative territorial and social-economic autonomy. Since
the construction of Belo Monte, the State and private companies are abusing their
power in an attempt to gain territorial control and influence local dynamics.
Subsequently, land-use planning in the region is changing. Previously organized by
the ribeirinhos according to their own rules and subsistence needs, the land is now
regulated by new private actors, impacting and altering the nature and purpose of the
communities’ traditional activities. In order to conduct this analysis, I use the
dialectical method due to its ability to analyze the contradictions of the territory. Neste trabalho de pesquisa analisa-se como a construção da Usina Hidrelétrica de Belo
Monte, no Rio Xingu, em Altamira, no Pará, modificou a relação dos ribeirinhos com o
seu território tradicional. Com o enchimento do reservatório principal da usina em 2015,
mais de 300 famílias que viviam tradicionalmente da pesca são expropriadas do seu
território pela concessionária Norte Energia S.A. As empresas terceirizadas, contratadas
pela concessionária, passam a determinar, a negociar e a vigiar o território de povos que
ancestralmente ali viviam. Os ribeirinhos, cuja subsistência e modo de vida estão direta
e intimamente associados ao rio Xingu e à floresta, agora passam a viver longe dos seus
locais de pesca e de moradia. Parte-se de uma relativa autonomia socioeconômica e
territorial, que antecede a construção da usina, para uma tentativa de controle e de
vigilância por parte das empresas e do Estado, influenciando fortemente as dinâmicas
de vida e de trabalho locais ao embaraçar assuas redes de vizinhança e parentesco. Nota se, assim, uma mudança na realização das atividades no território, que anteriormente
eram organizadas pelos próprios ribeirinhos, de acordo com suas regras e necessidades
de subsistência, e que agora passam pelo controle de novos atores, gerando impactos
sociais e ambientais.