Tese
Os amigos que desconheço : performance(s) do caminhar e a guerrilha dos cuidados no Antropoceno
Registro en:
Autor
MOTA, Artur Dória
Institución
Resumen
Os amigos que desconheço is a process of creation artistic and poetic conceived as a
walking performance where the walk is compose as a fundament and quality of guerilla
and put into pratice as a care of thought and action in relation to the emergency and
permanency of the Anthropocene. If the Anthropocene, the epoch geology of man,
when the man became a geological strenght, indicates a time inexorable of
intensification of the catástrofes in the whole planet, how it´s possible to walk-live
between catastophes? And what can walking make us see and create as a line of flight
and desertion in relation to the way we have lived, especially in the face of collapsed
structures that are large urban centers? Thus, this artistic path is pronounced through the
impacts and metamorphoses that affect the performer-walker in a world that quickly and
violently runs over new premises to life. Shoes, in this sense, are the starting point that
guide him in the plot of this process-path. They appear as spectral images that suggest
tragedies. Footwear on the streets: what do they say about the bankruptcy of the world
and what can they suggest about stories and/or situations that arouse sensitivities and/or
care that strengthen us and/or point to other paths? To think of them in these terms, I
performed a way of going and making myself towards them; I'm your friend, I told
them. Along with them, this process expanded – even giving rise to consequent
performative series – and being sculpted through countless lines of writings and literary
densities, between grafts and strata of thought, poetic fragments and theoretical and/or
imagery insinuations, who speculate and discuss, in their own way, about the ways and
possibilities of walking and, therefore, of existing, in a world that is increasingly hostile
to the body and bodies. Os amigos que desconheço é um processo de criação artística e poética concebido como
uma performance caminhante em que o caminhar é composto como um fundamento e
qualidade de guerrilha e posto em prática como um cuidado de pensamento e ação em
relação à emergência e a permanência do Antropoceno. Se o Antropoceno, a época
geológica do homem, o homem tornado força geológica, indica um tempo inexorável de
intensificação das catástrofes em todo o planeta, como é possível caminhar-viver por
entre catástrofes? E o que o caminhar pode nos fazer ver e criar como linha de fuga e
deserção em relação ao modo como temos vivido, sobretudo, frente às estruturas de
colapso que são os grandes centros urbanos? Assim, este caminho artístico é
pronunciado através dos impactos e das metamorfoses que afetam o performercaminhante em um mundo que rapidamente e violentamente se atropela de novas
premissas à vida. Os calçados, nesse sentido, se situam como o ponto de partida que o
orientam na trama deste processo-caminho. Aparecem como imagens espectrais que
insinuam tragédias. Calçados nas ruas: que dizem da falência do mundo e o que podem
sugerir de histórias e/ou situações que suscitem sensibilidades e/ou cuidados que nos
fortaleçam e/ou apontem outros caminhos? Para pensá-los nestes termos, performei um
modo de ir e de me fazer ao encontro deles; sou seu amigo, eu lhes disse. Junto a eles é
que esse processo foi se alargando – dando origem, inclusive, a séries performativas
consequentes – e sendo esculpido através de inúmeras linhas de escrituras e densidades
literárias, entre enxertos e estratos de pensamento, fragmentos poéticos e insinuações
teóricas e/ou imagéticas, que especulam e discorrem, à sua maneira, acerca dos modos e
das possibilidades de caminhar e, portanto, de existir, em um mundo cada vez mais
hostil ao corpo e aos corpos