Dissertação
Aspectos geológicos e metalogenéticos do depósito de ouro hospedado em metaconglomerados e metarenitos paleoproterozoicos Castelo de Sonhos, Província Tapajós, sudoeste do Pará
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Autor
QUEIROZ, Joana D’arc da Silva
Institución
Resumen
Castelo de Sonhos, located in the central-south sector of the Amazonian Craton, near the boundary between the Tapajós and Xingu-Iriri tectonic domains, is a gold deposit hosted in metaconglomerates and metasandstones of the Castelo dos Sonhos Formation (<2080 Ma U-Pb SHRIMP). Subvolcanic rocks and granitoids were identified in boreholes that drilled the deepest parts of the deposit area. Some of these rocks are intrusive into the Castelo dos Sonhos Formation, while for others rocks, the contact relationships could not be determined with confidence. In general, these rocks show calc-alkaline to alkaline affinities and their geochemical patterns indicate that they are related to volcanic arc or post-collisional tectonic settings. The subvolcanic rocks are represented by a porphyritic dacite with age of 2011 ± 6 Ma (U-Pb LA-ICP-MS).The granitoids were classified as biotite granodiorite, biotite monzogranite, muscovite monzogranite, respectively dated at 1976 ± 7 Ma, 1918 ± 9 Ma and 1978 ± 6 Ma (U-Pb SHRIMP), and an undated syenogranite. These ages represent three to four distinct magmatic events and indicate that the studied rocks are coeval to four major units from Tapajós Domain: the Cuiú-Cuiú Complex (2033-2005 Ma), the Comandante Arara Formation (2020-2012 Ma), the Creporizão Intrusive Suite (1998-1957 Ma), and the Tropas Intrusive Suite (1907-1892Ma). Despite the temporal correspondence, the geochemical data show no direct correspondence with the units cited above. Notwithstanding, the intrusion relationship between some of the studied rocks and the metasedimentary rocks of the Castelo dos Sonhos Formation establishes a temporal, spatial and possibly stratigraphic relationship between this formation and the Tapajós Domain. The intrusive contact relationship between the porphyritic dacite and metasandstones of the Castelo dos Sonhos Formation allowed us to determine at 2011 ± 6 Ma the minimum sedimentation age of this unit. The primary gold mineralization at Castelo de Sonhos deposit is stratabound and restricted to a metaconglomerate package and interlayered metasandstones. The mineralization distribution is erratic and does not seem to follow special features or structural control. In the matrix of the metaconglomerates, gold occurs as intergranular particles, occasionally associated with magnetite, and also within quartz grains (medium to coarse sand), which probably represent fragments of auriferous veins. In general, the gold particles show subrounded to rounded shapes, mild to moderately rough surfaces. The particles seldom contain inclusions, and only of magnetite. The chemical composition is homogeneous and characterized by high Au/Ag ratios. These characteristics indicate a syngenetic origin for gold within the metaconglomerates package. Therefore, the age of mineralization is limited by the time x interval of deposition of the Castelo dos Sonhos Formation (2011 ± 6 Ma to ca. 2080 Ma). On the other hand, the occurrence of gold in fracture planes of metasandstones indicates an epigenetic origin for this style of mineralization. The epigenetic mineralization is related to concurrent metamorphic, magmatic and deformational processes that affected the sedimentary sequence of the Castelo dos Sonhos Formation and caused the remobilization of gold originally hosted in metaconglomerates. It is likely that the interaction of these processes associated with infiltration of meteoric waters contributed to the generation and flow of oxidizing hydrothermal fluids, which have percolated through the metaconglomerates package and were able to solubilize some of the gold, and re-precipitate it accompanied by ferruginous films, in fracture planes of the metasandstones. As a conclusion, a modified paleoplacer model is proposed here to explain the hybrid nature (syngenetic and epigenetic) of the gold mineralization in the Castelo de Sonhos deposit. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Castelo de Sonhos, situado na porção centro-sul do Cráton Amazônico, próximo ao limite entre os domínios Tapajós e Iriri-Xingu, é um depósito aurífero hospedado em metaconglomerados e metarenitos da Formação Castelo dos Sonhos (<2080 Ma U-Pb LAICP- MS). Em furos de sondagem, verificou-se que na área do depósito ocorrem rochas subvulcânicas e granitoides, algumas dessas rochas são intrusivas na Formação Castelo dos Sonhos, enquanto que, para outras, a relação de contato não é clara. De modo geral, essas rochas apresentam afinidade cálcio-alcalina a alcalina e se mostram compatíveis com ambiente de arco vulcânico e pós-colisonal. As rochas subvulcânicas são representadas por um dacito porfirítico com idade de 2011 ± 6 Ma (U-Pb LA-ICP-MS). Os granitoides foram classificados como biotita granodiorito, biotita monzogranito, muscovita monzogranito, respectivamente com idades (U-Pb SHRIMP) de 1976 ± 7 Ma, 1918 ± 9 Ma e 1978 ± 6 Ma, e sienogranito, este não datado. Estas idades de cristalização relacionam a geração dessas rochas a três a quatro eventos magmáticos distintos, que no Domínio Tapajós encontram correspondentes temporais no Complexo Cuiú-Cuiú (2033-2005 Ma), na Formação Comandante Arara (2020-2012 Ma), na Suíte Intrusiva Creporizão (1998-1957 Ma) e na Suíte Intrusiva Tropas (1907-1892 Ma). Apesar da relação temporal, os padrões geoquímicos das rochas estudadas não encontram correspondência direta com as unidades citadas. O fato de a Formação Castelo dos Sonhos ter sido intrudida por rochas temporalmente relacionadas a unidades do Domínio Tapajós pode ser considerada evidência de sua relação temporal e espacial, possivelmente estratigráfica, com esse domínio. A relação de contato intrusivo entre o dacito porfirítico e metarenitos da Formação Castelo dos Sonhos permitiu que fosse determinada em 2011 ± 6 Ma a idade mínima da sedimentação da Formação Castelo dos Sonhos.A mineralização aurífera principal no depósito Castelo de Sonhos está confinada estratigraficamente a um pacote de metaconglomerados e a metarenitos neles intercalados. Dentro desse pacote, a mineralização é errática e não parece seguir feições especiais ou ter controle estrutural. Na matriz dos metaconglomerados, ouro foi identificado no interior de grãos de quartzo (areia média a grossa), provavelmente fragmentos de veios auríferos, e também associado à magnetita. Em geral, as partículas de ouro mostram bordas subarredondadas a arredondadas e superfícies leve a moderadamente rugosas, raramente contendo inclusões, e apenas de magnetita, a composição química é homogênea e mostra altas razões Au/Ag. Essas características indicam origem singenética para o ouro presente nos metaconglomerados, e, assim, a idade da mineralização fica condicionada ao intervalo de viii sedimentação da Formação Castelo dos Sonhos (2011 a ~ 2080 Ma). Por outro lado, a ocorrência de ouro em planos de fratura de metarenitos indica origem epigenética para parte da mineralização no depósito. A mineralização epigenética está relacionada a um encadeamento de processos metamórficos, magmáticos e deformacionais que afetaram a sequência sedimentar da Formação Castelo dos Sonhos e causaram a remobilização do ouro originalmente hospedado nos metaconglomerados. É provável que a interação desses processos, associada à infiltração de águas meteóricas, tenha contribuído para a geração e circulação de fluidos hidrotermais oxidantes que, ao percolarem o pacote de metaconglomerados, foram capazes de solubilizar parte do minério aurífero, levando à reprecipitação do ouro, acompanhado por películas ferruginosas, em planos de fratura dos metarenitos. Propõe-se o modelo de paleoplacer modificado para explicar a natureza híbrida, singenética e epigenética, da mineralização no depósito Castelo de Sonhos.