Dissertação
Preferências partidárias e classes sociais: o petismo é um fenômeno classista?
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Autor
SOUSA, Marcos Felipe Rodrigues de
Institución
Resumen
The discussion about party preferences in Brazil shows their low rates. Though, research reveals
that the influence of the Workers’ Party (PT) on the partisanship of Brazilians elevates the
country to the world average of party identification, ahead of countries like Germany, Spain,
and Mexico. Historically, this party has been linked to an impoverished social stratum, the
working class, social movements, and trade unions, as a result of its organization and partisan
brand. Nevertheless, electoral strategies and pragmatic changes in the PT in recent years have
brought it closer to different social classes. Analyses of social classes and their party
preferences in Brazil have often associated them with economic income and this has resulted in
a high aggregation of social class locations. In this way, I use an alternative measurement,
through occupation in the labour market and education. I adapt a typology of hybrid social
classes, with neo-weberian aspects, based on the EGP model, and, neo-marxist, based on the
research of Santos (2005; 2010). Thus, I analyse petismo - the party preference for the PT - and
its role in social classes, with a historical series from 2002 to 2018. I use data from CESOP/
Datafolha surveys in a table for four categories of social classes. In this typology, I elaborate
descriptive data, molding the so-called “Thomsen index” in the differences in levels of
partisanship between social classes, in the likelihood of a social class position showing party
sympathy to the PT, against the likelihood of another social class position doing the same,
standardizing from the natural logarithm of the odds ratio. I use a logistic regression model with
the response variable to petismo. In addition to the social class, in this model I use the
covariables of sex, age, education, region, and government evaluation. The descriptive results
denote a greater party preference to the PT for the category of individuals in the service class,
with 36.10% in 2002 and a minimum of 8.9% among entrepreneurs and professionals in 2018.
Such values fluctuate, being the self-employed and precarious exposing greater petismo
throughout the series. However, the alternative measurement of social classes to the usual of
Brazilian political science to petismo, the application of the Thomsen index, and logistic
regression confirmed the limits of the social class variable for party preferences to the PT. This
research concludes that petismo was not a social class phenomenon, but with a moderate and
relative social class partisanship, mainly for precarious sectors of society. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior A discussão sobre as preferências partidárias no Brasil evidenciam os seus baixos índices. Entretanto, pesquisas expõem que a influência do Partido dos Trabalhadores (PT) no partidarismo dos brasileiros eleva o país para a média mundial de identificação partidária, ficando na frente de países como Alemanha, Espanha e México. Historicamente, este partido foi relacionado a uma camada social empobrecida, a classe trabalhadora, movimentos sociais e
sindicalistas, como resultado de sua organização e marca partidária. Contudo, estratégias eleitorais e mudanças pragmáticas do PT nos últimos anos o aproximaram para distintas classes.
As análises das classes sociais e suas preferências partidárias no Brasil frequentemente as associaram pela renda econômica e isso resultou em uma elevada agregação das localizações
sociais das classes. Dessa maneira, utilizo uma mensuração alternativa, através da ocupação no mercado de trabalho e escolaridade. Adapto uma tipologia de classes híbrida, com aspectos neo-weberianos, fundado ao modelo EGP, e neo-marxista, a partir do trabalho de Santos (2005; 2010). Assim, analiso o petismo – preferência partidária dos indivíduos ao PT – e a sua incumbência em classes sociais, com uma série histórica de 2002 a 2018. Utilizo dados de surveys do CESOP/Datafolha em um quadro para quatro categorias de classes. Nessa tipologia,
elaboro dados descritivos, moldo o chamado “índice Thomsen” nas diferenças de níveis de partidarismo entre as classes, na probabilidade de uma posição de classe demonstrar simpatia
partidária ao PT, contra a probabilidade de outra posição de classe fazer o mesmo, padronizando a partir do logaritmo natural da razão de chances. Emprego um modelo de regressão logística tendo a variável de resposta ao petismo. Além da classe, utilizo nesse modelo as seguintes covariáveis de controle: sexo, idade, escolaridade, região e avaliação governamental. Os resultados descritivos denotam uma maior preferência partidária ao PT pela categoria dos indivíduos da classe de serviço, com 36,10% em 2002 e mínimo de 8,9% entre empresários e profissionais liberais em 2018. Tais valores oscilam, sendo os autônomos e precários expondo um maior petismo ao longo da série. Porém, observa-se com os resultados do índice Thomsen e do modelo de regressão que, apesar dos autônomos e precários nutrirem um partidarismo
relativo ao PT nos últimos anos, esta variável não prediz um alinhamento petista em termos de classes. Assim, a mensuração de classes alternativa ao usual da ciência política brasileira ao
petismo, a aplicação do índice Thomsen e da regressão logística confirmaram os limites da variável de classe social para as preferências partidárias ao PT. Conclui-se que o petismo não
se findou como um fenômeno classista, mas com um moderado e relativo partidarismo de classe, principalmente para setores precários da sociedade.