Dissertação
A adoção de práticas agroecológicas por camponeses: estudo de caso no oeste maranhense
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SÁNCHEZ COUTO, Xoán Carlos. A adoção de práticas agroecológicas por camponeses: estudo de caso no oeste maranhense. Orientador: Lívia Navegantes Alves. 2015. 121 f. Dissertação (Mestrado em Agriculturas Familiares e Desenvolvimento Sustentável) - Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares, Universidade Federal do Pará, Belém, 2015. Disponível em: . Acesso em:.
Autor
SÁNCHEZ COUTO, Xoán Carlos
Institución
Resumen
Agroecology has been defined as a science, a social movement and a set of alternative
practices. Here we examine the last two dimensions. In order to study the social organization
of Brazilian agroecology we used the political process theory, finding evidence that the
Brazilian agroecological movement meets the requirements of this theoretical proposal for
being considered as a social movement. In a second paper we focus on the problems
surrounding technologies’ adoption by peasants in Western Maranhão. From a systems
approach of the farm and through the construction of a typology of the production systems
found in this region, we analyze the difficulties related to the adoption of agroecology, seen as
a technical change from exogenous origin. Thus, we conducted participant observation,
participatory rural appraisal and semi-structured interviews in 38 peasant families in three
rural communities. We also explored the opportunity of integration between agroecology and
the dynamics of transformation of production systems, as an endogenous innovation process.
In the third paper we apply the concepts of strategy and tactics to peasants’ decision making
about adoption of agroecological practices. Focusing on those who have chosen the farm
diversification strategy, we find a variety of diversification strategies and that criteria used for
strategic decision making are different from those applied for tactical decisions. In a fourth
paper we try to understand the motivations of family farmers in Western Maranhão to make
their productive and technological choices, understanding the historical decisive factors for
the differentiation of production systems, which caused only some of them had the
opportunity to join the agroecological practices. Through retrospective analysis, we identified
two transformation vectors, contributing to family farmers deem different answers to the same
influences from the environment. External variables, attached to productive family decisions,
influence the historical path of the farms. We found that not always the promotion of
agroecology is consistent with peasant families’ logic. However, effective technical support
and permanent interest groups about this innovation, perform an environment in which
peasants feel more confident to adopt agroecological practices. A agroecologia tem sido definida como ciência, movimento social e conjunto de práticas
alternativas. Neste trabalho analisamos as duas últimas dimensões. Para estudar a organização
social da agroecologia brasileira utilizamos a teoria do processo político, encontrando
evidências de que o movimento agroecológico brasileiro cumpre os requisitos desta proposta
teórica para ser considerado um movimento social. Num segundo artigo focamos nosso olhar
na problemática em torno da adoção de tecnologias por parte dos camponeses no Oeste
maranhense. Partindo de um enfoque sistêmico do estabelecimento agrícola e da construção
de uma tipologia dos sistemas de produção encontrados na região, analisamos as dificuldades
relativas à adoção da agroecologia, percebida como uma mudança técnica de origem exógena.
Para tanto, foram realizadas observação participante, diagnóstico rural participativo e
entrevistas semiestruturadas em 38 famílias camponesas em três comunidades rurais. Também
exploramos as possibilidades de integração da agroecologia na dinâmica de transformação dos
sistemas produtivos, constituindo um processo de inovação endógeno. No terceiro artigo
aplicamos os conceitos de estratégia e tática ao processo de tomada de decisões dos
camponeses quanto à adoção de práticas agroecológicas. Focando naqueles que escolheram a
estratégia da diversificação da propriedade, encontramos uma variedade de estratégias de
diversificação e que os critérios seguidos para a tomada de decisões estratégicas são diferentes
dos aplicados para as decisões táticas. Num quarto artigo buscamos compreender as
motivações dos agricultores familiares do Oeste maranhense para fazerem suas escolhas
produtivas e tecnológicas, entendendo os fatores históricos decisivos para a diferenciação dos
sistemas de produção, que fizeram com que alguns tiveram possibilidade de aderir às práticas
agroecológicas e outros não. Através da análise retrospectiva, identificamos dois vetores de
transformação, que contribuem a que os agricultores familiares deem respostas diferentes às
mesmas influências do meio. Variáveis externas, unidas a decisões produtivas da família,
influenciam no percurso histórico das propriedades. Constatamos que nem sempre a
promoção da agroecologia condiz com a lógica dos agricultores familiares. Porém, quando
existe efetivo acompanhamento técnico e se criam grupos permanentes de interesse por esta
inovação, cria-se um ambiente em que os camponeses sentem-se mais confiantes para
adotarem as práticas agroecológicas.