Tese
O cenozoico superior do centro-oeste da Bacia do Amazonas: paleobotânica do embasamento cretáceo e evolução do Rio Amazonas
Registro en:
Autor
BEZERRA, Isaac Salém Alves Azevedo
Institución
Resumen
At the end of the Neogene and during the Quaternary, the development of the Amazon
River caused significant paleoenvironmental and geomorphological changes that generated
current ladscape at Amazonia. Previous models elaborated on a continental scale were based
on data obtained from a drill core carried out on the Atlantic continental shelf, distant 200 km
of the Amazon River mouth, suggesting the establishment of this drainage with Andean
provenance from the Middle to Upper Miocene. In contrast, studies based on outcrops in the
western and central portions of the Amazon have indicated younger ages for this ecosystem,
from Pliocene to Quaternary. The sedimentological-stratigraphic study of the fluvial terraces
of the Amazon River, exposed in the center-west portion of the Amazon Basin, assisted by
luminescence geochronology, allowed to sequence the sedimentation events and discuss the
paleoenvironmental and paleogeographic since Late Neogene. The studied Neogene-
Quaternary deposits overlies Cretaceous rocks whose sedimentological and paleobotanical
study revealed the preservation of impressions and counter-impressions of leaves and other
macro-plant remains in pelites interpreted as flood plain and abandoned channel deposits of
meandering rivers. The first record of angiosperms in this unit with possible affinities to the
families Moraceae, Fagaceae, Malvaceae, Sapindaceae and Anarcadiaceae with appearance
from Late Cretaceous, and the family Euphorbiaceae with record starting in the Mid-
Cretaceous confirm the Cretaceous age for these rocks. The terraces of the Amazon River
informally subdivided into lower and upper units are composed of sand, gravel and clay,
organized in finning upward cycles representative of channel filling and overbank deposits.
The lower unit was interpreted as a record of the proto-Amazonas, with migration to the east
and deposition around 2 Ma. During this stage, the alluvial plain was restricted, preferentially
following weakness zones coincident with fractures in the Paleozoic and Cretaceous
basement. The climatic oscillations during the Quaternary and the increase of the volume of
orographic rains in the headwaters region of the fluvial systems, in the eastern flank of the
Andean ridge modified the hydrological regime, amplifying the escarpment erosion. The
gradual expansion of the alluvial plain formed a large area of 120 km around 1 Ma to 140 ka,
recorded by the upper unit deposits. At this stage, the eastern portion of the Amazon Basin
topographically higher restricted the Pleistocene sedimentation in minimum accommodation
space. The lower unit deposits are correlate in part to the Miocene-Pliocene deposits of the
Amazon Basin, while the upper units are correlate with the Pleistocene deposits of the
Solimões and Amazon basins. The dynamics of the construction of the Amazon River valley
during the end of the Neogene and Quaternary was influenced by neotectonics (106 yr) and climatic oscillations (104-105 yr). The landscape of the central-eastern portion of the Amazon
dominated no Pleistoceno by terra firme in elevated areas was governed by the dynamics of
expansion and contraction of the alluvial plain. At the end of the Quaternary, the várzea
formed by floodplains within the alluvial plain, which used to occupy a wide area, became
increasingly restricted by the continuous processes of fluvial incision during the glacial
maximum (18 to 22 ka). The continuous lateral migration of the meandering channel to the
north led to the confinement of the channel by the fluvial scarps developed in the Cretaceous
basement, which culminated in the current landscape in the Center-East of the Amazon.
Testing the reliability and accuracy of some Pleistocene and older OSL ages for Amazon
River deposits revealed that are much more minimum ages than buried ages for pre-
Quaternary deposits. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior No final do Neógeno e durante o Quaternário o desenvolvimento do Rio Amazonas
promoveu expressivas mudanças paleoambientais e geomorfológicas que culminaram na
paisagem atual da Amazônia. Diversos modelos têm sido elaborados em escala continental,
baseados principalmente em dados obtidos de um testemunho de sondagem realizado na
plataforma continental atlântica, distante cerca de 200 km da foz do Amazonas. Enquanto
estes modelos sugerem o estabelecimento desta drenagem com proveniência Andina a partir
do Mioceno Superior, estudos baseados em afloramentos da porção oeste e central da
Amazônia têm indicado idades mais jovens para esse ecossistema, desde Plioceno ao
Quaternário. O estudo sedimentológico e estratigráfico de terraços fluviais do Rio Amazonas,
expostos na porção centro-oeste da Bacia do Amazonas, auxiliado por geocronologia de
luminescência, permitiu sequenciar os eventos de sedimentação e as mudanças
paleoambientais e paleogeográficas desde o final do Neógeno. Estes depósitos sobrepõem
rochas do Cretáceo da Formação Alter do Chão, cujo estudo sedimentológico e paleobotânico
revelou o registro inédito de angiospermas para a porção aflorante desta formação, em
depósitos de planície de inundação e canal abandonado de rios meandrantes. A preservação de
impressões e contra-impressões de laminas foliares e outros macro restos vegetais com
características das famílias Moraceae, Fagaceae, Malvaceae, Sapindaceae e Anarcadiaceae
com aparecimento a partir do Cretáceo Superior, e a família Euphorbiaceae com registro se
iniciando no Cretáceo Médio, confirmam a idade cretácea para estas rochas. A sucessão
neógena-quanternária foi subdividida informalmente em unidade inferior e superior
constituídos de areia, cascalho e subordinadamente argila, organizados em ciclos
granodecrescentes ascendentes de preenchimento de canal e de inundação. Estes depósitos
registram que dinâmica da construção do vale do Rio Amazonas foi influenciada pela
neotectônica (106 anos) e oscilações climáticas (104-105 anos). A unidade inferior foi
interpretada como registro do proto-Amazonas, com migração para leste e posicionada através
de datação utilizando o sinal de luminescência opticamente estimulada de transferência
térmica por volta de 2 Ma. Esta unidade é correlata aos depósitos do Mioceno-Plioceno da
Formação Novo Remanso, da Bacia do Amazonas e registra o desenvolvimento de um
sistema fluvial com planície aluvionar restrita, seguindo preferencialmente as zonas de
fraqueza do embasamento paleozoico e Cretáceo. A unidade superior foi interpretada como o
registro do estabelecimento do Rio Amazonas moderno e posicionada através de datação
utilizando o sinal de infravermelho em feldspatos por volta de 1 Ma a 140 ka, correlata aos
depósitos da Formação Içá, da Bacia do Solimões. A partir do Quaternário as oscilações climáticas que marcam este período alterou o regime hidrológico através do aumento do
volume de chuvas orográficas na região de cabeceira no flanco leste da cordilheira andina. A
amplificação dos processos de erosão de escarpas na porção centro-leste da Amazônia
promoveu a expansão da planície aluvionar em uma ampla área de 120 km. Nesta fase a
porção leste da Bacia do Amazonas, topograficamente mais alta, restringia a sedimentação
pleistocena em espaço mínimo de acomodação. A paisagem da porção centro-leste da
Amazônia dominada durante o Neógeno por terra firme em áreas elevadas passou a ser regida
durante o Quaternário pela dinâmica de expansão e contração da planície aluvionar. Ao final
do Quaternário a várzea constituída por áreas alagadiças dentro da planície aluvionar se
tornou cada vez mais restrita pelos contínuos processos de incisão fluvial durante o máximo
glacial (18 a 22 ka). A migração lateral do canal meandrante levou ao confinamento da calha
pelas escarpas fluviais esculpidas no embasamento cretáceo. Análise detalhada das
propriedades dos protocolos utilizados na geocronologia por luminescência permitiu entender
melhor as limitações e o uso dete método em estudos na Amazônia, método este em constante
evolução e aperfeiçoamento A partir destes resultados foi possível questionar dados de
trabalhos anteriores obtidos a partir do uso desta imporante ferramenta e indicar que algumas
destas idades podem ser idades mínimas ao invés de idades de soterramento para depósitos
pré-quaternários. A identificação da dinâmica mais antiga da drenagem foi inserida na
interpretação dos estágios do proto-Amazonas até a passagem para a fase do Rio Amazonas
moderno, que culminou na paisagem atual no centro-leste da Amazônia.