Tese
Fragilidade e condições de saúde de idosos ribeirinhos da Amazônia: indicadores epidemiológicos e aspectos subjetivos
Fragility and Health conditions of riverine elderly people of Amazon: epidemiological indicators and subjective aspects
Registro en:
NASCIMENTO, Rodolfo Gomes do. Fragilidade e condições de saúde de idosos ribeirinhos da Amazônia: indicadores epidemiológicos e aspectos subjetivos. Orientadora: Celina Maria Colino Magalhães. 2018. 290f. Tese (Doutorado em Teoria e Pesquisa do comportamento) - Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento, Universidade Federal do Pará, Belém, 2018. Disponível em: . Acesso em:.
Autor
NASCIMENTO, Rodolfo Gomes do
Institución
Resumen
The purpose of this thesis was to understand the interactions between indicators of biological fragility
and health conditions of the elderly in the Amazonian riverside context. To this end, we carried out an
explanatory-correlational study with 108 elderly people in the region of the islands of the city of
Cametá, Pará. Structurally, the thesis is organized in four empirical studies. The first study allowed
understanding the particularities of the routines and the way of life of these elderly people, as well as
the housing conditions of the riverside context. Despite the housing and sanitation conditions, most of
the homes used private power generators, mixed water supplies and were not connected to the sewage
system. In addition, they had a variety of consumer goods. Regarding the degree of satisfaction with in
relation to the home environment, they denoted positive perceptions for all domains investigated.
Added to these data, it was noticed that most of the elderly emphatically expressed attachment to the
amazonian riverside context, pointing out the desire to stay in these places. In the second study,
referring to the demographic and socioeconomic characteristics, the majority of the elderly were male,
aged between 60 and 69 years, with brown skin color, married, with five or more children and with
predominant coexistence in their households with spouses and descendants. The majority werw of
individuals literate, with incomplete elementary education, with personal income up to a minimum
wage and family between one to two minimum wages, retired and without formal work, owners of
their own homes and exercising leadership in the family. There was still a predominance among those
who did not receive assistance from government programs and elderly people with catholic religious
practice. The third study presents and discusses the multidimensional aspects of health. In general, the
data pointed to the predominance of elderly people who evaluated how their own health was regulated
and in the lateral social comparison the predominance of those who considered their health was better.
The majority reported an excellent level of social support, did not present polypathy, polypharmacy, or
recent hospitalization. The main comorbidities reported were rheumatic diseases and ophthalmological
problems, and most used few drugs. Regarding access to health services, most reported that if they
needed to, they would be able to access. There was a predominance of elderly individuals with a
previous history of smoking, without the alcoholic habit and with a positive perception about the food
practice. They were mostly eutrophic, but presented a cardiovascular risk factor, were not indicative of
sarcopenia and were mostly normotensive. In addition, they did not present cognitive impairment,
indicative of depressive symptoms nor a recent history of falls. Regarding functional capacity, there
was a predominance of those with excellent performance for IADL and BADL. In the fourth and last
study, the biological fragility, operationalized by the phenotype proposed by Fried et al. (2001) and
their associations with multidimensional indicators is discussed. The results indicate a low prevalence
of this syndrome (9.3%), with the majority of the sample classified as non-fragile elderly (51.9%), in
contrast to other studies with urban elders. The domain of the phenotype that most contributed to the
determination of fragility was "exhaustion" (30.6%) and the main associated factors were:
higher age range, family management, work, cardiovascular risk, cognitive decline, depressive
symptoms, multiple comorbidities. Given the novelty of this thesis, the results show that the joint
action between the biological, psychological, social, historical, ecological and cultural factors interact
and influence each other, conferring a development and a low biological fragility condition among the
surveyed elderly people. Finally, it is hoped that this evidence will motivate further research on
development/aging in these contexts. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior A presente tese teve como proposta compreender as interações entre os indicadores de fragilidade
biológica e condições de saúde de idosos em contexto ribeirinho amazônico. Para tanto, foi realizada
uma pesquisa de caráter explicativo-correlacional com 108 idosos na região das ilhas do município de
Cametá, Pará. Estruturalmente, a tese está organizada em quatro estudos empíricos. O primeiro estudo
permitiu compreender as particularidades das rotinas e do modo de vida desses idosos, bem como as
condições habitacionais do contexto ribeirinho. A despeito das condições de habitação e saneamento, a
maioria das moradias utilizava geradores de energia particular, abastecimento de água misto e não
estava conectado à rede de esgoto, além disso, tinha variados bens de consumo. Sobre o grau de
satisfação em relação ao ambiente domiciliar, os mesmos denotaram percepções positivas para todos
os domínios investigados. Somado a esses dados, percebeu-se que a maioria dos idosos enfaticamente
manifestava apego ao contexto ribeirinho amazônico, apontando o desejo de permanência nesses
locais. No segundo estudo, referente às características demográficas e socioeconômicas, viu-se que a
maioria dos idosos era do sexo masculino, com idades entre 60 a 69 anos, com cor da pele parda, eram
casados, com cinco ou mais filhos e com convivência predominante em seus domicílios com cônjuges
e descendentes. A maioria era de indivíduos alfabetizados, com ensino fundamental incompleto, com
renda pessoal até um salário mínimo e familiar entre um a dois salários mínimos, aposentados e sem
trabalho formal, donos das próprias moradias e exercendo chefia no seio familiar. Ainda houve o
predomínio entre aqueles que não recebiam auxílio de programas governamentais e de idosos com
prática religiosa católica. O terceiro estudo apresenta e discute os aspectos multidimensionais de
saúde. Em geral, os dados apontaram para o predomínio de idosos que avaliaram como regular a sua
própria saúde e na comparação social lateral houve o predomínio dos que consideraram sua saúde
melhor. A maioria relatou excelente nível de suporte social, não apresentava polipatologia,
polifarmácia, nem internação recente. As principais comorbidades relatadas foram doenças reumáticas
e problemas oftalmológicos e a maioria usava poucos medicamentos. Quanto ao acesso aos serviços
de saúde, a maioria relatou que caso houvesse necessidade conseguiriam acessar. Houve o predomínio
de idosos com história pregressa de tabagismo, sem o hábito etilista e com uma percepção positiva
sobre a prática alimentar. Eram em maioria eutróficos, porém apresentavam fator de risco
cardiovascular, não apresentavam indicativo de sarcopenia e eram em maioria normotensos. Além
disso, não apresentavam comprometimento cognitivo, indicativo de sintomas depressivos nem
histórico recente de quedas. Com relação à capacidade funcional, houve o predomínio daqueles com
excelente desempenho para AIVD e ABVD. No quarto e último estudo, discutem-se a fragilidade
biológica, operacionalizada pelo fenótipo proposto por Fried et al. (2001) e suas associações com os
indicadores multidimensionais. Os resultados apontam para uma baixa prevalência desta síndrome
(9,3%) sendo a maioria da amostra classificada como idosos não-frágeis (51,9%), confrontando o que
outras pesquisas com idosos urbanos evidenciam. O domínio do fenótipo que mais contribuiu para a
determinação da fragilidade foi a “exaustão” (30,6%) e os principais fatores associados foram: idade
mais avançada, chefia familiar, trabalho, risco cardiovascular, declínio cognitivo, sintomas
depressivos, comorbidades múltiplas. Dado o ineditismo desta tese, os resultados permitem notar que a
ação conjunta entre os fatores de natureza biológica, psicológica, social, histórica, ecológica e cultural
interagem e influenciam-se reciprocamente conferindo desenvolvimento e uma baixa condição de
fragilidade biológica entre os idosos ribeirinhos investigados. Por fim, espera-se que estas evidências
motivem a realização de novas pesquisas sobre desenvolvimento/envelhecimento nestes contextos.