Tese
Influência do consumo de castanhas brasileiras sobre o peso corporal, apetite, resposta glicêmica e marcadores inflamatórios em mulheres com excesso de peso
Influence of Brazilian nuts consumption on body weight, appetite, glycemic response and inflammatory markers in overweight women
Registro en:
ROCHA, Daniela Mayumi Usuda Prado. Influência do consumo de castanhas brasileiras sobre o peso corporal, apetite, resposta glicêmica e marcadores inflamatórios em mulheres com excesso de peso. 2021. 211 f. Tese (Doutorado em Ciência da Nutrição) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2021.
Autor
Rocha, Daniela Mayumi Usuda Prado
Institución
Resumen
O consumo de castanhas tem efeitos benéficos à saúde, quando incorporadas em uma alimentação saudável e balanceada. Contudo, o papel das castanhas no controle do peso, a saciedade, homeostase glicêmica e inflamação, especialmente das castanhas brasileiras (CB: Anacardium accidentale e Bertholetia excelsa) não está ainda estabelecido. Assim, o presente estudo avaliou os efeitos do consumo de 45 g de CB (15g de castanha-do-brasil + 30g de castanha de caju) sobre a perda de peso, apetite, resposta glicêmica e inflamação, em mulheres adultas com excesso de peso em risco cardiometabólico. Vinte e nove mulheres participaram de um ensaio clínico randomizado controlado aberto de oito semanas, para receber uma dieta com restrição calórica (-500 kcal/d) contendo CB ou uma dieta isenta de castanhas com mesma restrição (grupo controle). No início e no final do estudo, as participantes compareceram ao Laboratório de Metabolismo Energético e Composição Corporal da Universidade Federal de Viçosa (LAMECC/ UFV) pela manhã após jejum noturno (10- 12h) para avaliação do peso corporal e da composição corporal. Nesse momento, também foram avaliados os escores subjetivos de apetite pós-prandial pela escala visual analógica (EVA) antes e após o consumo (0, 10, 60, 120, 180 e 240 min.) de uma bebida contendo castanhas (grupo CB) ou isenta de castanhas (controle). Também foram avaliados o consumo de almoço ad libitum, EVA aos 280 min e registro alimentar nas 24 h subsequentes em ambiente livre. As concentrações plasmáticas de glicemia, insulina, grelina, GIP, GLP-1 e leptina foram dosadas em jejum e 60, 120 e 240 minutos após bebida teste. Os marcadores inflamatórios adiponectina, resistina, PAI-1, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL-17A e TNF foram determinados em jejum e 240 min pós-prandial. Os valores de HOMA-IR, do índice de triglicerídeo-glicose (TyG), do cortisol, e da PCR em jejum também foram avaliados. Após oitos semanas de intervenção nutricional, as mulheres no grupo CB tiveram perda significante de peso,mas similar àquela do grupo controle. Contudo, nas participantes aderentes ao protocolo de restrição calórica (82%), foi observada uma maior perda de peso e de gordura corporal, em comparação ao grupo controle. Além disso, a grelina (ΔAUC) diminuiu no grupo CB em comparação ao grupo controle, após 8 semanas. Em relação a resposta inflamatória, o grupo controle apresentou aumento pós-prandial da citocina pró-inflamatória IL-6 e, possivelmente, como mecanismo de compensação, estimulou o aumento do hormônio anti-inflamatório cortisol. O consumo de CB, por sua vez, evitou o aumento pós-prandial da IL-6, sem alterar outros marcadores inflamatórios avaliados. Ainda, o consumo de CB não alterou as respostas de jejum ou pós-prandial relacionadas ao controle glicêmico. Como conclusão, o consumo de 45 g das CB (Anacardium accidentale e Bertholetia excelsa), associado a uma dieta com restrição calórica, apresentou efeitos benéficos no peso e na perda de gordura corporal, além de potencial para aumentar a saciedade e um efeito modesto sobre a inflamação. Ainda, o consumo agudo e crônico das castanhas brasileiras não foi capaz de alterar as respostas pós-prandiais glicêmicas e insulinêmicas, em mulheres com excesso de peso normoglicêmicas, em risco cardiometabólico. Palavras-chave: Apetite. Castanhas. Glicemia. Inflamação. Mulheres. Nutrição. The consumption of nuts has beneficial effects on health, when incorporated into a healthy and balanced diet. However, the role of nuts in weight control, satiety, glycemic homeostasis and inflammation, especially of Brazilian nuts (BN: Anacardium accidentale and Bertholetia excelsa), is not well established. Thus, the present study evaluated the effects of 45 g of BN (15g of Brazil nuts + 30g of cashew nuts) on weight loss, appetite, glycemic response, and inflammation in overweight adult women at cardiometabolic risk. Twenty-nine women participated in an 8-week open-label randomized controlled trial to receive an energy-restricted diet (-500 kcal/d) containing BN or a nut-free diet with the same energy restriction (control group). At the beginning and at the end of the study, the participants attended the Laboratório de Metabolismo Energético e Composição Corporal of Universidade Federal de Viçosa (LAMECC/UFV) in the morning after an overnight fast (10-12h) to assess body weight and body composition. At that time, subjective scores of postprandial appetite were evaluated by visual analogue scale (VAS) before and after consumption (0, 10, 60, 120, 180, and 240 min.) of a drink containing nuts (group BN) or free of nuts (control). Ad libitum lunch consumption, VAS at 280 min and food record in the subsequent 24 h in an open environment were also evaluated. Plasma concentrations of blood glucose, insulin, ghrelin, GIP, GLP-1 and leptin were measured in fasting and 60, 120 and 240 minutes after the test drink. Inflammatory markers, adiponectin, resistin, PAI- 1, IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, IL -17A, and TNF were determined at fasting and 240 min postprandial. HOMA-IR, triglyceride-glucose index (TyG), cortisol, and fasting CRP concentrations were also evaluated. After eight weeks of nutritional intervention, women in the BN group had significant weight loss, but similar to that of the control group. However, in those energy-restriction protocol compliance participants (82%), a greater loss of weight and body fat was observed, compared to the control group.Furthermore, ghrelin (ΔAUC) decreased in the BN group compared to the control group after 8 weeks. Regarding the inflammatory response, the control group showed a postprandial increase in the proinflammatory cytokine IL-6 and, possibly, as a compensation mechanism, it stimulated the increase in the anti-inflammatory hormone cortisol. The consumption of BN, in turn, prevented the postprandial increase in IL-6, without altering the other inflammatory markers evaluated. Furthermore, BN consumption did not change fasting or postprandial responses related to glycemic control. In conclusion, the consumption of 45 g of BN (Anacardium accidentale and Bertholetia excelsa), combined with a calorie-restricted diet, had beneficial effects on weight and body fat loss, as well as a potential to increase satiety and a modest effect on inflammation. Furthermore, the acute and chronic consumption of Brazilian nuts was not able to alter postprandial glycemic and insulinemic responses in normoglycemic overweight women at cardiometabolic risk. Keywords: Appetite. Blood glucose. Inflammation. Nuts. Nutrition. Women. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior