Tese
Fração endógena e recuperação urinária de derivados de purinas obtidas por diferentes métodos em bovinos nelore
Endogenous fraction and urinary recovery of purine derivatives obtained through different methods in Nelore cattle
Registro en:
BARBOSA, Analívia Martins. Endogenous fraction and urinary recovery of purine derivatives obtained through different methods in Nelore cattle. 2009. 53 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia, diagnóstico e controle de doenças; Epidemiologia e controle de qualidade de prod. de) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2009.
Autor
Barbosa, Analívia Martins
Institución
Resumen
Foram realizados dois experimentos utilizando oito novilhas Nelore. No primeiro, objetivou-se avaliar a fração endógena para a excreção urinária de derivados de purinas (DP) em bovinos Nelore alimentados com dieta única em diferentes níveis de oferta de matéria seca (MS), estabelecer a proporção de purinas no abomaso recuperadas na urina como derivados de purinas e verificar o efeito do nível de consumo sobre a produção microbiana (Nmic). As novilhas, com pesos médios de 258 ± 20 kg, fistuladas no rúmen e abomaso, sendo quatro destas fistuladas adicionalmente no íleo, foram alojadas em baias individuais. O experimento foi delineado em dois quadrados latinos 4 x 4, balanceados para efeito residual. Os tratamentos foram constituídos de quatro níveis de oferta da MS 1,2, 1,6, 2,0 e 2,4 % do peso vivo (PV). O experimento foi conduzido em quatro períodos de 14 dias, sendo os primeiros sete dias para adaptação. As perdas endógenas e a recuperação de bases purinas como derivados de purinas foram estimadas por regressão entre a excreção diária dos derivados de purinas na urina (Y) e as bases purinas no abomaso (X), expressas em mmol/kg0,75, representadas, respectivamente, pela intercepta e pelo coeficiente da regressão. As perdas endógenas também foram avaliadas pela regressão entre a excreção de DP, em mmol/kg0,75, e o consumo de MS, em g/kg0,75. Apesar de ter sido obtida uma faixa de variação de consumo de MS de 1,16 até 1,84 % do peso vivo (PV), não foi atingido o máximo planejado de 2,4 % PV. Os coeficientes de digestibilidade aparente total da MS e da MO variaram linearmente (P < 0,05) com os níveis de oferta de MS da dieta, havendo redução de 2,17 e 2,21 % para cada 1 % do peso vivo, respectivamente. O coeficiente de digestibilidade aparente no ID do RNA não foi afetado (P > 0,05) pelos níveis de oferta de MS da dieta, obtendo-se valor médio de 75,63 %. A digestibilidade verdadeira de 92,78 % (P < 0,0001), foi obtida pela regressão entre a quantidade de RNA absorvida (Ŷ) em função do fluxo de RNA no abomaso (X), expressos em mmol/kg0,75. A relação média de N-RNA: N-total nas bactérias ruminais isoladas foi de 0,1369. O fluxo diário de RNA (RNA Abo) e a produção microbiana (Nmic Abo) no abomaso em função do nível de oferta de MS da dieta apresentaram comportamento quadrático, estimando-se valores máximos de 1,50 mmol/kg0,75 e 55,20 g Nmic, respectivamente, para os níveis de oferta de MS de 2,43 e 2,45 % do PV. A excreção urinária diária de DP, em mmol/kg0,75, aumentou linearmente (P < 0,05) com o nível de oferta de MS da dieta. Quando foi relacionada com o consumo observado de MO digestível (kg/dia) verificou-se excreção (P < 0,0001) de 34,415 mmol de DP para cada kg de MO digestível ingerida. Quando a excreção de derivados de purinas, expressa em mmol/dia, foi relacionada com o consumo de NDT, kg/dia, observou-se que houve excreção (P < 0,0001) de 32,15 mmol para cada kg de NDT consumido. Considerando o consumo de MS expresso em g/kg0,75 e a excreção de DP em mmol/kg0,75, obteve-se a regressão (P<0,001): Ŷ= 0,0196x + 0,2421, sendo que o valor de 0,2421 mmol/kg0,75, ou 0,24 mmol/kg0,75, representa a excreção endógena de DP. A excreção diária de derivados de purinas, mmol/kg0,75, em função do fluxo de RNA no abomaso (mmol/kg0,75) se ajustou à regressão (P < 0,0001), Ŷ = 0,8601x + 0,4603 (R2 = 0,661) onde 0,86 representa a recuperação das purinas como derivados na urina e o valor de 0,4603 mmol/kg0,75 representa a fração endógena. A produção microbiana estimada pelos derivados de purinas na urina, expressa em g N/dia, em função do nível de oferta de MS da dieta, apresentou regressão linear (P < 0,05), estimando-se aumentos de 22,80 g Nmic por 1 % de oferta de MS. Conclui-se que diferentes métodos resultaram em estimativas de 0,46 mmol/kg0,75 e de 0,24 mmol/kg0,75, para a excreção endógena de derivados de purinas em bovinos Nelore; que a recuperação das purinas absorvidas como derivados na urina foi de 0,86 e que a digestibilidade verdadeira do RNA no ID, de 0,93, é maior do que o valor assumido na literatura para o cálculo de produção microbiana. No segundo experimento, objetivou-se estimar a contribuição endógena para a excreção urinária de derivados de purinas (DP) e estabelecer a proporção de purinas no abomaso recuperadas na urina de bovinos Nelore por meio de diferentes níveis de infusão de RNA no abomaso. Foram utilizadas oito novilhas da raça Nelore, com peso médio de 296 ± 15 kg, fistuladas no rúmen e abomaso, alojadas em baias individuais, distribuídas em dois quadrados latinos 4 x 4, balanceados para efeito residual. Os tratamentos foram constituídos de infusões de RNA no abomaso nas dosagens de 0, 33, 66 e 100 mmol/dia. Todos os animais receberam a dieta próximo ao nível de mantença durante sete dias com finalidade de adaptação, antes do início das infusões. Em seguida à adaptação à dieta, os quatro períodos experimentais de nove dias cada um, se sucederam com o seguinte esquema: do 1o ao 5o dia coleta de amostras de digesta de abomaso; do 1o ao 4o dia - coleta total de urina e fezes; do 5o ao 9o dia infusão de RNA no abomaso; do 6o ao 9o dia coleta total de urina; no 9º dia do quarto período - coleta de amostras de digesta de rúmen. Dessa forma, antes de fazer a infusão em cada animal, foram obtidos fluxos de proteína microbiana no abomaso usando bases purinas e a excreção urinária dos derivados de purina. Assim, o fluxo de bases purinas no abomaso foi obtido somando-se o valor de cada animal antes da infusão com a respectiva quantidade infundida. Os fluxos de N total no abomaso, N-RNA e RNA antes das infusões foram em média 51,15 g/dia; 5,11 e 35,23 g/dia, respectivamente. A excreção diária de derivados de purinas (Ŷ) mmol/kg0,75, em função do fluxo de RNA no abomaso (X), mmol/kg0,75, se ajustou à regressão (P < 0,0001): Ŷ = 0,30127 + 0,74143 X, indicando que 0,30 mmol/kg0,75 corresponde às perdas endógenas e 0,74 é a recuperação das purinas absorvidas no abomaso como derivados de purinas na urina. Two experiments were executed utilizing eight Nelore heifers. The first experiment had the following objectives: aimed to evaluate the endogenous fraction at urinary excretion of purine derivatives (DP) in Nelore cattle fed single diet offering different levels of dry matter (MS); to establish the proportion of purines into abomasum recovered from urine and; to verify the effect of the level of intake upon microbial production (Nmic). Heifers were accomodated in individual stalls, with average weight of 258 ± 20kg, fistulated at rumen and abomasum, being four of those also fistulated at the ileum. The experimental design was 2 balanced latin squares 4 x 4. Treatments constituted of four levels of MS offer: 1.2, 1.6, 2.0 and 2.4 % of live weight (PV). The experiment was conducted in four periods of 14 days, being the first 7 days for adaptation. Endogenous losses and recovery of purine bases as purine derivatives were estimated by regression between daily excretion of purine derivatives in urine (Y) and purine bases into the abomasum (X), expressed in mmol/kg0.75, represented respectively by the intercept and the regression coefficient. Endogenous losses were also evaluated by the regression between DP excretion, in mmol/kg 0.75, and the intake of MS, in g/kg0.75. Despite variation limits of MS intake obtained were 1.16 and 1.84% of live weight (PV), the maximum value of 2.4% of PV was not achieved. Total apparent digestibility coefficient of MS and MO varied linearly (P > 0.05) with levels of MS offer in diet, with reduction of 2.17 % and 2.21 % to each 1% of live weight respectively. Apparent digestibility coefficient of RNA at small intestine (ID) was not affected (P > 0.05) by the levels of MS offered in diet, obtaining an average value of 75.63%. True digestibility of 92.78% (P > 0.0001), was obtained by the regression between the amount of absorbed RNA (Ŷ) as a function of RNA flux into abomasum (X), expressed in mmol/kg0.75. The mean relation of N-RNA:N- total in isolated ruminal bacteria was 0.1369. Daily flux of RNA (RNA Abo) and microbial production (Nmic Abo) into abomasum as a function of the level of MS offer in diet presented a quadratic behavior, and estimated maximum values of 1.50 mmol/kg0.75 and 55.20 g Nmic respectively to the levels of MS offer 2.43 and 2.45% of PV. Daily urinary excretion of DP, in mmol/kg0.75, increased linearly (P > 0.05) with the level of MS offer in diet. And when it was related to the observed intake of digestible MO, (kg/day), the excretion (P > 0.0001) of 34.415 mmol of DP to each kg of digestible MO ingested was verified. When the excretion of purine derivatives, expressed in mmol/day, was related to the intake of NDT, kg/day, it was observed that there were excretion (P > 0.0001) of 32.15 mmol to each kg of NDT consumed. Considering the intake of MS expressed in g/kg0.75 and the excretion of DP in mmol/kg0.75, a regression was obtained (P > 0.0001): Ŷ= 0.0196x + 0.2421, where 0.2421 mmol/kg0.75 or 0.24 mmol/kg0.75, represents the endogenous excretion of DP. Daily excretion of purine derivatives, mmol/kg0.75, as a function of RNA flux into abomasum, mmol/kg0.75, was adjusted to regression (P > 0.0001) Ŷ = 0.8601x + 0.4603 (R2 = 0.661), where 0,86 represents the recovery of purines as derivatives in urine and the value of 0.4603 mmol/kg0.75 represents the endogenous fraction. Microbial production estimated by purine derivatives in urine, expressed in g N/day, as a function of the levels of MS offer in diet, presented linear regression (P > 0.05), estimating increases of 22.80 g Nmic per 1 % of the MS offered. It was concluded that: different methods resulted in estimates of 0.46 mmol/kg0.75 and 0,24 mmol/kg0.75 to endogenous excretion of purine derivatives in Nelore cattle; the recovery of absorbed purines as derivatives in urine was of 0,86 and the real digestibility of RNA in ID, 0.93, is greater than the value assumed in literature for microbial production calculation. In the second experiment, the objective was to estimate the endogenous contribution in urinary excretion of purine derivatives in Nelore cattle by means of different levels of RNA infusion into abomasum. It was used eight heifers of Nelore breed, with average weight of 296 ± 15 kg, fistulated at rumen and abomasum, accomodated in individual stalls. The experimental design was 2 balanced latin squares 4 x 4, with four animals, four treatments and four experimental periods. Treatments constituted of infusions of RNA into abomasum at dosages of 0, 33, 66 and 100 mmol/day. Every animal received a diet balanced with levels close of their maintenance levels during seven days aiming the adaptation, before beginning of infusions. Following the adaptation to the diet, four experimental periods of nine days each ensued according the scheme: from 1st to 5th day samples of digesta from the abomasum were collected; from 1st to 4th day total collection of urine and feces; from 5th to 9th day infusion of RNA into abomasum; from 6th to 9th day total collection of urine; at the 9th day of the fourth period samples of digesta from the rumen were collected. Therefore, before executing the infusion in each animal, fluxes of microbial protein into abomasum were obtained using purine bases and urinary excretion of purine derivatives. Hence, the flux of purine bases into abomasum was obtained summing up the values of each animal before the infusion with respective infusion quantity. Flux of N total into abomasum, N-RNA and RNA before infusions were, in average, 51.15 g/day; 5.11 and 35.23 g/day, respectively. Daily excretion of purine derivatives (Ŷ) mmol/kg0.75, as a function of RNA flux into abomasum (X), mmol/kg0.75, was adjusted to the regression (P > 0.0001): Ŷ = 0.30127 + 0.74143 X, indicating that 0.30 mmol/kg0.75 correspond to endogenous losses and 0,74 is the purine recovery absorbed in the abomasum as purine derivatives in urine.