Dissertação
Estocagem e compensação de carbono pelas árvores do campus-sede da Universidade Federal de Viçosa
Storage and carbon offset tree planting by the principal campus of the Universidade Federal de Viçosa
Registro en:
BRIANÉZI, Daniel. Storage and carbon offset tree planting by the principal campus of the Universidade Federal de Viçosa. 2012. 159 f. Dissertação (Mestrado em Manejo Florestal; Meio Ambiente e Conservação da Natureza; Silvicultura; Tecnologia e Utilização de) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2012.
Autor
Brianézi, Daniel
Institución
Resumen
O objetivo geral deste estudo foi inventariar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) das principais atividades do campus-sede da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e avaliar o potencial de estocagem e compensação de carbono pela arborização da UFV. Deste modo, a pesquisa, dividida em quatro capítulos, foi realizada no campus-sede da UFV localizado no município de Viçosa, MG. No capítulo 1, realizou-se o levantamento arbóreo das vias de acesso, estacionamentos e arboretos da UFV, identificando 100% das espécies encontradas, além da frequência dos indivíduos, condição fitossanitária e dispersão. Foram inventariados 2.893 indivíduos, distribuídos em 114 espécies e 34 famílias botânicas, sendo duas espécies pertencentes ao grupo das gimnospermas. O oiti, Licania tomentosa, é a espécie mais plantada, totalizando 448 indivíduos, seguida de Michelia champaca (magnólia) com 304 árvores. No capítulo 2, quantificou-se o estoque de carbono presente na arborização do campus-sede da UFV, por meio de equações alométricas ajustadas para estimar carbono das árvores individuais. A partir dos dados de cubagem rigorosa em pé dos indivíduos arbóreos, de densidade básica e do teor de carbono adotado, calculou-se o carbono presente nas árvores-amostra. Posteriormente, foram avaliados os modelos de Schumacher e Hall (1933) e Spurr (1952), modificados para estimar o carbono total presente na arborização do campus. O modelo de Schumacher e Hall (1933) foi o que apresentou maior precisão para o carbono total e dos galhos. As árvores apresentaram, em média, 221,24 Kg de carbono por indivíduo, valor superior ao encontrado para as palmeiras que foi de 101,50 KgC.indivíduo-1. Com base na idade de plantio das árvores do campus, obteve-se um Incremento Médio Anual em Carbono (IMAC) de 7,79 KgC.indivíduo-1.ano-1. A espécie Lecythis pisonis (sapucaia) foi a que apresentou maior incremento, resultando em 27,60 KgC.indivíduo-1.ano-1, sendo assim, uma das mais indicadas para arborização, quando idealiza-se a compensação de carbono. Analisando a área de copa ocupada pelos indivíduos avaliados, com média de 25 anos, obteve-se um estoque médio de carbono de 54,0 tC.ha-1, resultado superior ao encontrado em florestas nativas do Cerrado stricto sensu e na Caatinga, mas inferior ao encontrado em outras tipologias florestais. No capítulo 3, quantificou-se as emissões de GEE das atividades desenvolvidas no campus-sede da Universidade Federal de Viçosa. Com base na ABNT NBR ISO 14.064 (2007) e nas diretrizes do GHG Protocol Brasil, definiu-se os limites organizacionais e operacionais do inventário, seus escopos e as fontes emissoras de GEE. Dentro de cada escopo, quantificou-se as emissões de GEE das fontes emissoras, conforme metodologias desenvolvidas pelo IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories (2006). O campus-sede da UFV emitiu, durante o ano-base, 6.034,18 tCO2e., sendo o Escopo 1 responsável por 61,0% desta estimativa, destaque para a pecuária (3.071,64 tCO2e.). O manejo dos resíduos sólidos da UFV, que compreende o Escopo 3, foi a segunda maior fonte de emissão de GEE, com 999,70 tCO2e., seguido do tratamento anaeróbico dos efluentes (Escopo 2), com 750,56 tCO2e.. Por fim, no capítulo 4, realizou-se o balanço das emissões e remoções de GEE do campus-sede da UFV, pela comparação entre a emissão de GEE do ano-base adotado e o Incremento Médio Anual de Carbono (IMAC) pelos sumidouros da universidade. Para isto, gerou-se, primeiramente, dois balanços: um rural, comparando as emissões da pecuária, principal fonte emissora de GEE da UFV e os sumidouros de carbono da universidade; e outro, denominado urbano, que equiparou as demais emissões de GEE do campus com a taxa de fixação de carbono pela arborização. Apesar da arborização do campus não neutralizar toda a emissão urbana de GEE da UFV (4,24% das emissões), a mesma contribui para a compensação da emissão de GEE oriunda da queima de biomassa, de GLP e de parte da combustão móvel. Com relação ao balanço rural, ao todo, as áreas de floresta, capoeira e reflorestamento presentes no campus-sede da UFV apresentaram uma taxa de fixação anual de carbono de 5.181,47 tCO2e., valor superior à emissão de GEE pela pecuária (3.071,64 tCO2e.), tornando o balanço positivo. Verificou-se que os sumidouros presentes no campus fixaram 5.307,16 tCO2e. e compensaram 87,95% das emissões totais (6.034,18 toneladas de CO2e.) da UFV. Deste modo, o balanço geral obtido das emissões e remoções de GEE da UFV foi negativo, sendo que este balanço poderia ser zerado ou até mesmo positivo se adotada outras ações de recomposição vegetal de áreas degradadas na universidade e compensação a nível de indivíduo. Desta forma, conclui-se que as estimativas de fixação de carbono pela arborização obtidas neste estudo podem ser usadas como referência para o estabelecimento de projetos de neutralização de carbono em ambientes verdes urbanos, como contribuição à mitigação das mudanças climáticas e geração de serviços ambientais à população. Entretanto, a iniciativa não se resume a ela mesma. Assim, é importante que a mesma esteja interligada com outras ações de compensação, como a conservação florestal e plantios de recomposição vegetal em áreas degradadas; e de redução de emissões de GEE. The aim of this study was to inventory emissions of Greenhouse Gases (GHG) of the main activities of the principal campus of Universidade Federal de Viçosa (UFV) and evaluated the potential for storage and carbon offset by tree planted into the University. Thus, the study, divided into four chapters, was held at the campus of UFV located in Viçosa, MG. In chapter 1, there was a tree survey of access roads, car parks and arboretums of the UFV, identifying 100% of the species found, and the frequency of individuals, plant condition and dispersion. Was inventoried 2893 individuals belonging to 114 species and 34 botanical families, with two species of gymnosperms group. The oiti, Licania tomentosa is the species most planted, totaling 448 individuals, followed by Michelia champaca (magnolia) with 304 trees. In chapter 2, was quantified the stock of carbon in the trees of campus UFV, across allometric equations for estimating carbon set of individual trees. From the data cubing standing of individual trees, basic density and carbon content, we calculated the carbon present in trees-samples. Thereafter, were evaluated the Schumacher and Hall (1933) and Spurr (1952), modified, models to estimate the total carbon present in the trees on campus. The model of Schumacher and Hall (1933) showed the highest accuracy for the total carbon and carbon of twigs. The trees had, an average, 221.24 kg of carbon per individual, higher than found for the palm trees, 101.50 KgC.indivídual-1. Based on the age of planting trees on campus, was obtained a mean annual increment on carbon of 7.79 KgC.indivídual-1.year-1. The species Lecythis pisonis (sapucaia) showed the highest increase, resulting in a 27.60 KgC.indivídual-1.year-1, one of the most appropriate for afforestation, when thinking about carbon offsetting. Looking at the canopy area occupied by the individuals, with an average of 25 years, was obtained an average carbon stock of 54.0 tC.ha-1, higher than that found in native forests of Cerrado and Caatinga sensu stricto, but lower than that found in other forest types. In chapter 3, was quantified GHG emissions from activities on principal campus of UFV. Based on ISO 14064 (2007) and the guidelines of the Brazil GHG Protocol, was established the organizational and operational boundaries of the inventory, their scopes and GHG emission sources. In each scope, was quantified he GHG emissions of all sources, based on methodologies developed by the IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories (2006). The UFV campus issued during the base year, 6034.18 tCO2e., the Scope 1 was responsible for 61.0% of this estimate, especially for livestock (3071.64 tCO2e.). The solid waste management at UFV, which includes Scope 3, was the second highest source of GHG emissions, with 999.70 tCO2e., followed by anaerobic treatment of effluents (Scope 2), 750.56 tCO2e. Finally, in Chapter 4, held the balance of GHG emissions and removals from the campus of UFV, comparing the GHG emissions for the base-year adopted and the mean annual increment of carbon by sinks of University. For this, was generated, first, two balances, a rural, comparing emissions from livestock, main GHG emitting source of UFV, and sinks of carbon from the university, and another, called the urban that compared others GHG emissions of campus with the rate of carbon fixation by urban trees. Although not offset all emissions (4.24% of emissions), urban trees offset the GHG emissions arising from biomass burning, LPG and part of annual emissions of the vehicle fleet of UFV. About the rural balance, the areas of forest, scrub and reforestation located in the UFV campus showed an annual carbon fixation rate of 5181.47 tCO2e., higher than the GHG emissions by livestock (3071,64 tCO2e.), making this positive. Therefore, the overall balance of emissions and removals of the campus of UFV was negative, this balance could be zero or positive if taken other actions like reforestation in the university and individual offset. Thus, we conclude that the estimates of carbon fixation by trees obtained in this study can be used as a reference for the establishment of carbon neutral projects in green urban areas, as a contribution to mitigating climate change and the generation of environmental services population. However, the initiative is not about itself. Thus, it is important that it is interconnected with other compensating actions such as forest conservation and planting of vegetation restoration in degraded areas, and reduction of GHG emissions. 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