Dissertação
Morfologia e morfometria testicular de camundongos adultos submetidos à exposição crônica ao arsenato
Testicular morphology and morphometry in mice chronically exposed to arsenic
Registro en:
CARVALHO, Fabíola de Araújo Resende. Testicular morphology and morphometry in mice chronically exposed to arsenic. 2009. 89 f. Dissertação (Mestrado em Análises quantitativas e moleculares do Genoma; Biologia das células e dos tecidos) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2009.
Autor
Carvalho, Fabíola de Araújo Resende
Institución
Resumen
Verifica-se atualmente aumento na preocupação com os potenciais efeitos de vários contaminantes ambientais, dentre eles o arsênio inorgânico, um dos principais poluentes da água considerado um problema de abrangência mundial. A intoxicação por arsênio pode resultar em efeitos tóxicos, agudos ou crônicos, ocasionando diferentes patologias, dentre elas aquelas que afetam o sistema reprodutor masculino. Desta forma, este trabalho teve como objetivo a investigação dos efeitos crônicos do arsênio sobre a biometria corporal e testicular, dos túbulos seminíferos e do compartimento intertubular de camundongos adultos. Vinte e quatro camundongos foram divididos em três grupos: o Controle (CTR), que recebeu apenas água destilada e os grupos de tratamento que receberam solução de arsênio, na forma de arsenato de sódio na concentração de 1,0 mg L-1, durante 42 dias (grupo AS1) e 84 dias (grupo AS2). Os órgãos sexuais, fígado, rins e pele foram coletados e fixados em Karnovsky. Os testículos foram processados e corados em azul de toluidina/borato de sódio para as análises histopatológicas. O tratamento com arsenato na concentração de 1,0 mg L-1 via água de consumo em camundongos Swiss adultos, aumentou significativamente o peso corporal no grupo AS2 em relação ao grupo AS1 e o CTR. Já o peso testicular não variou significativamente entre os grupos. Epidídimo, vesícula seminal e ducto deferente não apresentaram alteração de peso, enquanto a próstata teve seu peso reduzido nos grupos AS1 e AS2. O mesmo foi observado para fígado e rim. Houve acúmulo de arsênio em todos os órgãos analisados, sendo este maior nos animais que ficaram mais tempo expostos ao agente tóxico. A alanina aminotranferase não apresentou alterações, ao passo que a aspartato aminotranferase (AST) aumentou no grupo AS2. O aumento de AST sinaliza para a toxicidade do arsênio na função hepática e renal, motivando assim estudos histológicos e morfométricos destes órgãos posteriormente. A proporção de túnica própria se mostrou aumentada nos grupos AS1 e AS2 em relação ao CTR, sugerindo um possível mecanismo de proteção à ação do arsenato nos túbulos seminíferos, uma vez que a túnica própria faz parte da barreira hemato-testicular. Por outro lado, a proporção de epitélio seminífero foi diminuída significativamente no grupo AS1. O diâmetro tubular e o epitélio seminífero se apresentaram recuperados no grupo AS2 em relação ao grupo AS1. O arsênio causou diferentes patologias testiculares, particularmente nos túbulos seminíferos. Houve redução na proporção de células de Leydig, bem como no seu diâmetro nuclear e volume. Além disto verificou-se aumento expressivo de macrófagos nos animais expostos por mais tempo à ação do arsênio. O volume de vasos sanguíneos apresentou queda significativa em AS2 em relação aos demais grupos. O contrário ocorreu com o grupo AS1, onde observou-se aumento neste parâmetro. Um aumento expressivo no volume de vasos linfáticos foi observado nos grupos tratados em relação ao CTR. Os volumes de células de Leydig e de tecido conjuntivo foram diminuídos nos grupos tratados, comparados ao grupo CTR. Para volume de macrófagos, observou-se um aumento em AS2, comparado a AS1 e CTR. Quanto à morfometria de células de Leydig, o diâmetro nuclear , a proporção de núcleo e citoplasma, o índice Leydigossomático e o volume nuclear foram reduzidos significativamente nos grupos tratados, em comparação com o grupo CTR. Já a relação nucleoplasmática foi reduzida apenas no grupo AS1. Desta forma, detectamos que o arsênio afetou a porção endócrina do testículo. Os níveis plasmáticos de testosterona apresentaram-se reduzidos nos dois grupos de tratamento. Este trabalho confirmou a toxicidade do arsênio na concentração de 1,0 mg L-1 em dois períodos de exposição diferentes. Os dados apresentados permitem inferir que esta concentração de arsênio não interferiu na morfometria tubular, porém causou alterações na biometria testicular e corporal, além de se acumular em vários órgãos e fornecer fortes indicativos de sua toxicidade hepática e renal de camundongos em idade reprodutiva. Adicionalmente, o arsênio levou a uma desorganização do epitélio germinativo, o que certamente pode comprometer o processo espermatogênico. O arsênio também alterou os parâmetros morfométricos das células de Leydig e provocou redução nos níveis de testosterona plasmática, confirmando a toxicidade deste elemento no sistema reprodutor masculino. There is an increasing concern about the potentially harmful effects of several environmental pollutants, as for instance, the inorganic arsenic, one of the main pollutants of the water worldwide. The intoxication by arsenic can be acute or chronic, and lead to a variety of pathologies and impairment of male reproductive system. This work aimed to investigate the chronic effects of the arsenic exposure on biometric and testicular parameters of adult mice. Tissue accumulation of arsenic was verified in reproductive organs, skin, liver and kidneys. Twenty-four mice were divided in three groups, which received treatment in the drinking water: 1) control, which received distilled water, 2) arsenic 1 (AS1), which received a solution of sodium arsenate at the concentration of 1.0 mg L-1, during 42 days; and 3) arsenic 2 (AS2), which received a solution of sodium arsenate at the concentration of 1.0 mg L-1, during 84 days. After sacrifice, sexual organs, liver, kidneys and skin were collected and immersed in Karnovsky fixative solution. The testes were processed and dyed in toluidina/borate of sodium blue for the histopathological analyses. The treatment with sodium arsenate at the concentration of 1.0 mg L-1 increased body weight in the AS2 group, compared to AS1 and control. However, the testicular weight did not vary significantly among the treated groups. Accessory sexual organs as epididim, seminal vesicle and deferential duct did not present changes in weight. The prostate had its weight reduced in the two treatment groups. The same happened for the kidneys and liver. There was arsenic accumulation in all of the analyzed organs and it was larger in the animals that were exposed to the poison longer. Alanina aminotransfrase did not present alterations. Aspartato aminotranferase (AST) increased in the group of animals that received arsenic longer. The increase of ALT signals the toxicity of arsenic in the hepatic and renal functions, motivating, thus future histological and morphometric studies on these organs. The proportion of the tunica propria was increased in the groups treated compared to the control, suggesting a possible protective action of the arsenate in the seminiferous tubules, once the tunica propria is part of the hemato-testicular barrier that promotes protection of the cells of espermatogenic lineage inside the seminiferous tubules. However the proportion of the seminiferous epithelium was reduced significantly in the 42-day treatment group. The tubular diameter and the seminiferous epithelium were shown to be recovered in the 84- day treatment group compared to the 42- day group. Arsenic caused different testicular pathologies, particularly in the seminiferous tubules. There was a reduction in the proportion of cells of Leydig, as well as in their nuclear diameter and volume. Besides, there was a significantly increased number of macrophages in the animals exposed to the action of arsenic for a longer time. The blood vessel was significantly reduced in As2 in relation to As1 and control, unlike what happened in relation to As1, where there was an increase in this proportion. For the lymphatic vessel, the increase in the treated groups was significant. The volume of cells of Leydig and conjunctive tissue were reduced in the treated groups. For the macrophages volume, a significant increase was observed in As2 in relation to As1 and control. In relation to the blood vessel, the volume of As1 increased significantly in relation to the control, decreasing significantly in As2. In relation to the two treated groups, the blood vessel volume reduced in As2. However, for the volume of lymphatic vessel, a significant increase was observed in the groups treated in relation to the control group. In the morfometry of the cells of Leydig, nuclear diameter, the nucleus proportion and cytoplasm, ILS and nuclear volume were reduced significantly in the two treatment groups. However, the nucleoplasmatic relationship (NPR) was reduced significantly just in the 42-day group. This way we detected that arsenic affects the endocrine portion of the testicle. The plasmatic levels of testosterone were shown to be reduced in the two treatment groups. This work confirmed the toxicity of arsenic in the concentration of 1mg/l in two different exposure times. The data presented allow us to suggest that the treatments, in this arsenic concentration, did not interfere with the tubular morphometry. However, it caused alterations in the testicular and body biometry, besides the confirmation of its cumulative nature in several organs and strong indicators of its toxicity in the hepatic and renal functions of mice in reproductive age. The germinative epithelium in the two treatment groups was disorganized, which certainly damaged the spermatogenic process. Sodium arsenate alters the morphometric parameters of the cells of Leydig besides leading to a reduction in the levels of plasmatic testosterone confirming the toxicity of this element in the masculine reproductive system. Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais