Dissertação
Família no Programa Residência Agrária: a visão dos atores da Universidade Federal do Ceará
Family in the Agrarian Residency Program: a view from the actors of the Federal University of Ceará
Registro en:
JESUS, Margarida Maria Higino de. Family in the Agrarian Residency Program: a view from the actors of the Federal
University of Ceará. 2011. 148 f. Dissertação (Mestrado em Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2011.
Autor
Jesus, Margarida Maria Higino de
Institución
Resumen
A pesquisa trata de uma análise sobre a efetividade do Programa Residência Agrária (PRA) da Universidade Federal do Ceará, implantado em 2004, por meio da análise de sua estruturação, metodologia de extensão e das concepções e vivências sobre família no contexto do programa. Partiu-se do seguinte questionamento: O Programa Residência Agrária tem conseguido desconstruir o movimento predominante da produtividade, do difusionismo tecnicista, formando e qualificando extensionistas capazes de compreender a diversidade local e integrar as famílias, por meio de um desenvolvimento participativo de baixo para cima?
Para responder a esse questionamento, a pesquisa, de natureza qualitativa, fez uso de referências bibliográficas e documentais, além de entrevistas semi-estruturadas realizadas junto a professores, estudantes e egressos do programa, cujos dados foram trabalhados sob a perspectiva da Análise Descritiva. Os resultados mostraram que, para a implementação do Projeto Piloto na UFC, recorreu-se aos princípios da Pedagogia da Alternância que prima pelo contato do estudante com a realidade dos assentamentos, mediante dois tempos complementares: o Tempo Universidade e o Tempo Comunidade. Outra Metodologia adotada a partir de 2007, foi a Análise de Diagnóstico de Sistemas Agrários (ADSA), que permite conhecimento amplo sobre a realidade das famílias e do assentamento. Para fazer um diagnóstico efetivo, os estudantes trabalham com metodologias participativas que consideram os assentados como sujeitos de mudança daquela realidade. Percebe-se que o PRA vem, de modo geral, propiciando ganhos as partes envolvidas, levando o jovem a repassar o
conhecimento para seu assentamento, atuando como agente multiplicador aumentando sua autoestima e motivando-o a continuar os estudos. Acerca da relevância da categoria família no Programa Residência Agrária, as entrevistas demonstram que, antes de ir para o Estágio de Vivência nos assentamentos, os estudantes recebem diversas instruções para que observem a dinâmica das famílias, a fim de conhecer suas práticas, vivências e valores, para depois fazer o diagnóstico que favorecerá a atuação profissional. A inserção no campo é marcada por diversas dificuldades, como o medo do desconhecido, principalmente em função da visão negativa que a mídia apresenta sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Aos poucos as dificuldades são superadas e o Estagio de Vivência proporciona uma experiência rica de aprendizagem e troca de saberes entre estagiários e egressos. Acerca do estudo da categoria família no Programa Residência Agrária, apesar da família ser o ponto de partida para o trabalho do PRA, a mesma não é um eixo estruturador do Programa. O aprendizado
sobre as famílias se da nas vivências práticas. Entretanto, essa constatação não diminui a relevância do PRA na formação de profissionais para atuarem na Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e Assessoria Técnica, Ambiental e Social (ATES). Nesse sentido, conclui-se que a academia, mediante Programas como o Residência Agrária, não somente instrumentaliza e empodera os assentados, como também forma profissionais mais preparados para uma atuação mais próxima à realidade dos assentados. Além disso, a vivência dos estudantes nos assentamentos contribui para a desmontagem de mitos e estereótipos
construídos sobre grupos minoritários, como o caso das famílias dos assentamentos. This study is an investigation on the effectiveness of the Agrarian Residency Program ( PRA), from the Federal University of Ceará (UFC), implemented in 2004, through analysis of its structure, extension methodology, conceptions and experiences of families in the context of this program. Thus, we started questioning whether the Agrarian Residency Program- PRA, has been able to deconstruct the predominant movement of productivity, diffusionism techniques, qualifying extensionists, enabling them to understand local diversity and integrating families by means of participatory development from bottom up. In order to answer this question, a qualitative research, using bibliography and documents besides semi
structured interviews with professors, students and graduates from the Program, which data were collected according to the view of Descriptive Analysis. Results have shown that, for implementing the Pilot in the UFC, we used the principles of Pedagogy of Alternating which strives for student contact with settlement reality, (brazilian agrarian camp formation), through two additional times: Time of University and time of Community. Other methodology adopted by ARP, since 2007, has been the Diagnostic Analysis of Agricultural systems (ADSA), which requires extensive knowledge about the reality of families and settlements. For an effective diagnose, students worked with participative methodologies which consider settlements as subject to changes of that reality. In 2007, the Youth
Agroecological Program has begun, allowing young people to sit with the University. It is felt that PRA, in general, provides gains to parties involved, leading the young people to pass on knowledge to their settlement, acting as multiplying agents increasing their self-esteem and motivating them to continue their studies. In relation to the relevance of family into the Agrarian Residency Program, the interviews have show that, before going to the Stage of Experience in the settlements, students have received several instructions on how to observe the dynamics of families in order to know their practices, experiences and values and
afterwards making a diagnosis which will favor the professional performance. Insertion in the field is usually marked by several difficulties, such as fear of the unknown, mainly due to the negative view that the media spreads about the Movement of Landless Workers (MST) leading them to only to observe and not to interact with families. Gradually difficulties were overcome, hence stage of experience provides a rich experience of learning and knowledge exchange between trainees and graduates. In relation to the study about the family in the Agrarian Residency Program- PRA, despite the family being on starting point for the work of PRA, it is not a structural axis of the Program. The learning about the families has taken place during the experience. However, this finding does not reduce the relevance of PRA in training professionals to work in technical assistance, environmental and social advising (ATES) and Technical and rural extension (ATER). In this sense, we have concluded that the academy, by means of programs such as the Agrarian Residency Program- PRA, does not only exploits and empowers the settlements, as well as better prepare professionals for acting closer to the reality of the settlers. Moreover, the experience of students in the settlements contributes to dismantling myths and stereotypes built about minority groups, as the case of settlement families.