Dissertação
Mudanças climáticas e migração rural-urbana no Semiárido brasileiro
Climate change and rural-urban migration in Brazilian Semiarid region
Registro en:
DELAZERI, Linda Márcia Mendes. Mudanças climáticas e migração rural-urbana no Semiárido brasileiro. 2015. 73 f. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2015.
Autor
Delazeri, Linda Márcia Mendes
Institución
Resumen
Ao longo dos últimos anos, as evidências de que as atividades antrópicas alteraram a concentração de Gases de Efeito Estufa na atmosfera tornaram-se mais fortes, indicando que esse acúmulo é a causa mais provável das mudanças climáticas observadas até o momento. Os riscos associados às mudanças climáticas, apesar de incertos, têm potencial de aumentar a vulnerabilidade social, exacerbando desafios socioeconômicos já existentes, principalmente naquelas sociedades mais dependentes dos recursos sensíveis às alterações do clima. Os países em desenvolvimento serão potencialmente os mais afetados pelas alterações climáticas, uma vez que os mesmos têm menor potencial de adaptação e são aqueles que mais dependem das atividades agrícolas, um dos setores em que são esperados os maiores impactos negativos. No Brasil, especificamente, espera-se que as localidades que formam o Semiárido estejam entre as mais afetadas, devido à já existente irregularidade no regime pluviométrico e às elevadas temperaturas, além dos fatores econômicos e sociais intrínsecos à região. Dadas as limitações estratégicas para lidar com os choques ambientais causados pelas mudanças climáticas, uma alternativa adotada em resposta a esses choques é a migração. Entender as características específicas dos fluxos migratórios, tais como duração, destino e composição, é essencial para compreender os impactos da migração nos locais de origem e destino e para o desenvolvimento de políticas apropriadas. Nesse sentido, este estudo busca analisar se os fatores climáticos têm contribuído para a migração rural- viiiurbana nos municípios do Semiárido no passado recente e como esses fluxos migratórios serão afetados por cenários futuros de mudanças no clima. O estudo foi fundamentado na teoria microeconômica da maximização da utilidade, em que, ao decidir deixar a área rural e partir para a área urbana, o indivíduo busca maximizar sua utilidade. Analiticamente, estimou-se um modelo econométrico utilizando a modelagem de Efeitos Fixos e os resultados obtidos confirmaram a expectativa de que os direcionadores climáticos são preponderantes para que o fluxo migratório rural-urbano aconteça. Além disso, os demais direcionadores do processo migratório, como fatores econômicos, sociais e demográficos, também se mostraram importantes. Adicionalmente, foram feitas previsões a respeito das migrações rural-urbanas motivadas por variações na temperatura e na precipitação sob os cenários de mudanças climáticas RCP 4.5 e 8.5, referentes aos períodos de tempo 2016-2035 e 2046-2065, definidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Os resultados encontrados indicam que haverá aumento da migração rural-urbana na região Nordeste e na região Semiárida em ambos os cenários e em ambos períodos de tempo. De maneira geral, os resultados obtidos neste estudo reforçam a necessidade de formulação de políticas públicas de combate à migração por razões climáticas. Em última instância, caso a migração se faça necessária, é preciso que haja a adoção de políticas que busquem o desenvolvimento organizado e planejado dos centros urbanos, considerando-se a migração como uma estratégia de adaptação aos efeitos adversos do clima. Dessa forma, políticas que atuem no sentido de absorver os migrantes nos centros urbanos e garantir que os mesmos tenham acesso aos serviços básicos oferecidos à população urbana contribuiriam para que os custos sociais da variabilidade climática sejam reduzidos. Over the past few years, the evidence that human activities have altered the concentration of greenhouse gases in the atmosphere have become stronger, indicating that this accumulation is the most likely cause of climate change observed so far. The risks associated with climate change, although uncertain, have the potential to increase social vulnerability, exacerbating existing socioeconomic challenges, especially those more dependent of sensitive resources to climate change. Developing countries are potentially the most affected by climate change, since they have less potential to adapt and are those most dependent on agricultural activities, one of the sectors in which the major negative impacts are expected. In Brazil, specifically, it is expected that the localities which form the semiarid region are among the most affected, due to existing irregularity in rainfall and high temperatures, in addition to economic and social factors endemic to the region. Given the strategic limitations to handle the environmental shocks caused by climate change, an alternative adopted in response to these shocks is migration. Understanding the specific features of migration flows, such as duration, destination and composition is essential to understand the impacts of migration on origin and destination locations and to develop appropriate policies. Thus, this study aims to examine whether climatic factors have contributed to rural-urban migration in semiarid municipalities in the recent past and how these migration flows will be affected by future scenarios of climate change. The study was based on microeconomic xtheory of utility maximization, in which, to decide to leave the countryside and move on to the urban area, the individual seeks to maximize its utility. Analytically, we estimated an econometric model using the modeling of Fixed Effects and the results confirmed the expectation that climate drivers are crucial for the occurrence of the rural-urban migration. Also, other drivers of the migration process, as economic, social and demographic factors were also important. Additionally, predictions about the rural- urban migration motivated by variations in temperature and precipitation in the climate change scenarios RCP 4.5 and 8.5 were made for the periods 2016-2035 and 2046- 2065, defined by the Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). The results indicate that there will be increased rural-urban migration in the Northeast and in the semiarid region in both scenarios and in both periods. In general, the results of this study reinforce the need for the formulation of public policies to avoid migration for climatic reasons. Ultimately, if migration becomes necessary, there must be the adoption of policies that seek an organized and planned development of urban areas, considering migration as an adaptation strategy to adverse climate effects. Thus, policies that act to absorb migrants in urban areas and ensure that they have access to basic services offered to the urban population would contribute to the social costs reduction of climate variability. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior