As abordagens cirúrgicas ureterais como a ureterotomia, são tecnicamente exigentes e representam um desafio na Medicina Veterinária, especialmente em espécies de pequeno porte, nas quais o desenvolvimento de complicações pós-operatórias é frequente. A microcirurgia permite a execução de procedimentos precisos em estruturas anatômicas de pequenas dimensões, tornando-se uma opção benéfica para aprimorar os resultados de intervenções cirúrgicas ureterais. Assim, objetivou-se avaliar a eficácia e a segurança da técnica de ureterotomia microcirúrgica em coelhos (Oryctolagus cuniculus) como modelo experimental. Para isso, foi conduzido um ensaio clínico randomizado duplo cego com uma amostra de 31 coelhos adultos da raça Nova Zelândia, divididos em três grupos de tratamento: grupo controle (GC), grupo longitudinal (GL) e grupo transversal (GT). O GC foi submetido à técnica de celiotomia mediana, enquanto o GL e o GT foram submetidos à ureterotomia microcirúrgica com diferentes padrões de sutura. Foram realizadas avaliações pós- operatórias a curto (≤ 3 dias), a médio (4-30 dias) e a longo prazo (> 30 dias) para estimar a ocorrência de complicações, como uroabdômen, estenose e obstrução ureteral (OU). Essas avaliações incluíram exames de hemograma, perfil bioquímico, ultrassonografia abdominal, urografia excretora, análise de líquido abdominal e avaliação histopatológica de rins e ureteres, sendo realizados no pré-operatório e ao longo do pós-operatório (3º, 30º e 59º dias). Os dados foram avaliados por análise de variância, Teste de Tukey e teste de Freeman-Halton (P < 0,05), além de análise multivariada (P < 0,25). Os resultados revelaram completa cicatrização ureteral em GL e GT, com preservação da função dos rins e ureteres. Não foi verificada associação significativa entre os grupos e a ocorrência de uroabdômen e estenose. O GL e o GT apresentaram correlação significativa (P < 0,001) com o desenvolvimento transitório de OU parcial no pós-operatório a curto prazo em decorrência de reação inflamatória local. Os achados indicam que a ureterotomia microcirúrgica é segura e eficaz. Os padrões de sutura não influenciaram na ocorrência das complicações pós-operatórias. Palavras-chave: Fibrose. Microscópio cirúrgico. Ureter. Ureterolitíase. Uroperitônio.Ureteral surgical approaches, such as ureterotomy, are technically demanding and represent a challenge in Veterinary Medicine, especially in small animal species, in which the development of postoperative complications is frequent. Microsurgery allows the precise execution of procedures on small anatomical structures, what makes it a beneficial option for improving the outcomes of ureteral surgical interventions. Therefore, the aim of this study was to evaluate the efficiency and safety of microsurgical ureterotomy technique in rabbits (Oryctolagus cuniculus) as an experimental model. Thus, a double-blind, randomized clinical trial was conducted with a sample of 31 adult New Zealand rabbits, divided into three treatment groups: control group (CG), longitudinal group (LG), and transverse group (TG). The CG underwent median celiotomy technique, while the GL and GT underwent microsurgical ureterotomy with different suture patterns. Postoperative evaluations were performed in the short term (≤ 3 days), medium term (4-30 days), and long term (> 30 days) to estimate the occurrence of complications such as uroabdomen, stenosis, and ureteral obstruction (UO). These evaluations included hematological analysis, biochemical profile, abdominal ultrasound, excretory urography, abdominal fluid analysis, and histopathological evaluation of kidneys and ureters, carried out preoperatively and on the 3rd, 30th, and 59th postoperative days. Data were analyzed using analysis of variance, Tukey's test, Freeman-Halton test (P < 0.05), and multivariate analysis (P < 0.25). The results revealed complete ureteral healing in GL and GT, with preserved kidney and ureter function. No significant association was found between the groups and the occurrence of uroabdomen and stenosis. GL and GT showed a significant correlation (P < 0.001) with transient partial OU development in the short-term postoperative period due to local inflammatory reaction. The findings indicate that microsurgical ureterotomy is a safe and effective procedure. Suture patterns did not influence the occurrence of postoperative complications. Keywords: Fibrosis. Surgical microscope. Ureter. Ureterolithiasis. Uroperitoneum.Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais