Trabalho de conclusão de graduação
Aumento da estabilidade oxidativa de óleos de sementes de maracujás silvestres usando o extrato hidroetanólico das sementes
Autor
Reis, Carolina Cruzeiro
Institución
Resumen
A intensificação dos processos industriais no último século contribuiu de forma positiva para
o desenvolvimento de inúmeros bens de consumo que possibilitaram um aumento
significativo no bem-estar da sociedade. Entretanto, a geração de resíduos, em particular dos
resíduos agroindustriais, tem causado impactos negativos no meio ambiente e na saúde
humana. A industrialização de alimentos de origem vegetal gera como resíduos cascas e
sementes que, pelo enorme volume tem dificultado seu gerenciamento de forma econômica.
Recentemente, devido às exigências dos órgãos de proteção ambiental, as indústrias são
obrigadas a incluir o tratamento dos resíduos no projeto da unidade industrial. Estudos
desenvolvidos para superar as principais dificuldades deste setor mostraram que a maioria dos
resíduos possuem substâncias de interesse industrial, como lipídeos, carboidratos, proteínas e
compostos fenólicos entre outros compostos funcionais com potencial antioxidante. O
maracujá é uma planta cultivada principalmente na América Latina e possui diferentes
espécies e características. O Brasil é o maior produtor de suco de maracujá do mundo e gera
uma quantidade substancial de bagaço composto, principalmente, pelas sementes e cascas.
Devido às propriedades fitoterápicas da polpa e das folhas das passifloras nativas, a Embrapa
vem desenvolvendo, nos últimos 8 anos, novas cultivares mais produtivas e resistentes, dentre
essas as espécies P. alata, P. setacea e P. tenuifila. A UFRJ-EQ possui um projeto em
parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos cujo objetivo foi avaliar a eficiência da
extração do óleo destas variedades e, em particular, a capacidade antioxidante dos compostos
fenólicos presentes na torta desengordurada em prensa do tipo expeller. Para este fim, a
semente foi seca em secador convectivo a 50°C e o óleo da semente foi extraído por prensagem, a seguir, analisado quanto à estabilidade oxidativa e atividade antioxidante pelo
método DPPH. A partir da torta foram extraídos os compostos fenólicos usando-se soluções
hidroetanólicas. Os extratos foram analisados quanto à capacidade antioxidante pelo método
TEAC e teor de fenólicos totais pelo método Folin-Ciocalteu. Para validação tecnológica, os
compostos foram adicionados ao óleo de semente de maracujá das espécies P. alata, P.
setacea e P. tenuifila e analisados quanto à estabilidade oxidativa. A melhor eficiência de
prensagem de 67% foi alcançada com a P. alata e o maior tempo de indução, de 7 horas, e
inibição do DPPH de 53% foi observado para a P. setacea. O extrato com 70% de etanol
apresentou maior teor de fenólicos totais e maior atividade antioxidante, sendo que a cultivar
P. setacea apresentou melhores resultados. Foi observado um aumento significativo na
estabilidade oxidativa dos óleos das sementes de maracujá das espécies P. alata, P. setacea e
P. tenuifila após adição do extrato fenólico, indicando que os extratos atuaram como
antioxidantes naturais para a fração lipídica. Um destaque foi registrado para o extrato
hidroetanólico obtido a partir da torta da P. alata, o qual o tempo de indução do óleo foi de
3,52 horas para 12,06 horas com extrato etanólico da semente, indicando o potencial
antioxidantes destes produtos.