Trabalho de conclusão de graduação
Perfil clínico-epidemiológico e tempos de espera entre o diagnóstico e tratamento de tumores infantis do sistema nervoso central: um estudo nacional baseado em hospitais
Registro en:
ESPÓSITO, Samara Velloso. Perfil clínico-epidemiológico e tempos de espera
entre o diagnóstico e tratamento de tumores infantis do sistema nervoso
central: um estudo nacional baseado em hospitais. 2023. 39 f. Monografia (Graduação em
Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
Autor
Espósito, Samara Velloso
Institución
Resumen
Os tumores do Sistema Nervoso Central (SNC) são o grupo mais frequente de
tumores sólidos na população pediátrica (0-19 anos), representando 26% de todas
as neoplasias infantis, e são a causa mais comum de morte relacionada ao câncer
nesta faixa etária. Crianças e adolescentes com câncer devem ser tratados em
unidades habilitadas em oncopediatria, mas por diversos motivos esse tratamento
pode não ocorrer neste tipo de unidade. O objetivo deste estudo foi descrever o
perfil epidemiológico e os tempos de espera entre o diagnóstico e o tratamento de
pacientes pediátricos com câncer do Sistema Nervoso Central nas unidades
habilitadas e não habilitadas para câncer infantojuvenil. Dados sobre tumores do
SNC (Grupo de diagnóstico III, da Classificação Internacional do Câncer na
Infância), durante 2010-2017, de indivíduos de 0 a 19 anos de idade foram extraídos
do "Integrador RHC", um sistema que consolida nacionalmente os dados dos
Registros Hospitalares de Câncer (RHC), provenientes de hospitais habilitados em
oncologia. Analisou-se 5.281 casos de câncer do Sistema Nervoso Central.
Variáveis sociodemográficas e clínicas foram incluídas no estudo para explorar as
diferenças no tempo entre diagnóstico e tratamento. Todas as análises foram
realizadas utilizando o software STATA 15. Os tumores do SNC foram mais comuns
no sexo masculino (54,8%) do que no sexo feminino (45,2%). Crianças de 0 a 4
anos foram as mais afetadas (33,2%). O principal exame para o diagnóstico do
tumor foi a histologia do tumor primário (73,3%), mas 97,4% dos casos foram
classificados como neoplasia intracraniana e intraespinhal não especificada. O
tempo entre o diagnóstico e o tratamento foi maior nos hospitais não habilitados (29
dias), do que nos habilitados em oncopediatria (17 dias). A mediana até o tratamento
entre os não brancos foi 23 dias comparando com 16,5 dias entre os pacientes
brancos. Enquanto o tempo entre diagnóstico e tratamento diminuiu de 20 para 14
dias nos hospitais habilitados, teve-se um aumento de 28 para 36 dias nos não
habilitados. Apesar do estudo reconhecer o cumprimento da “lei dos 60 dias” nas
unidades hospitalares, ainda assim encontrou-se diferenças quanto à cor da pele,
acreditação hospitalar e intervalo até o tratamento que devem ser discutidas na
intenção do progresso do Sistema Único de Saúde no atendimento ao paciente
oncológico pediátrico. O estudo destaca a necessidade de garantir o acesso
equitativo dentro do Sistema de Saúde brasileiro.