Trabalho de conclusão de graduação
Do escravismo pleno ao escravismo tardio: um capítulo da conformação racista do estado no Brasil, sob a análise de Clóvis Moura
Autor
Campos, Gabriel Corrêa
Institución
Resumen
A realidade brasileira aponta uma enorme desigualdade racial, como se pode observar nos índices de desemprego, subutilização, homicídio e outros. Essas disparidades são históricas e traduzem um pilar estrutural da sociedade brasileira: o racismo. Tal pilar foi erigido através desde a colonização do Brasil e, portanto, possui íntima ligação com a constituição do capitalismo a nível mundial e do capitalismo dependente no Brasil, sendo parte indissociável de suas reproduções. O Estado nunca foi alheio a esse sistemático processo de discriminação. Pelo contrário, foi e é fundamental para sua existência. Neste trabalho, pretende-se compreender como, durante o modo de produção escravista (1550-1888), o aparelho estatal se constituiu num alicerce do equilíbrio social no período, de formar a manter a dominação de classe e raça de uma minoria senhorial (branca) e dar as bases para estreitas faixas de integração do negro na sociedade do trabalho livre. Tal processo não foi estático, inseriu-se em contradição com o componente ativo da quilombagem dos escravizados (negros). O trabalho todo se apoiará especialmente no pensamento de Clóvis Moura, intelectual marxista que interpretou o Brasil a partir do negro e sua dinâmica na luta de classes. Para tanto, conta 6 capítulos. O primeiro, a introdução, apresenta a concepção estrutural sobre o racismo. No segundo, aborda-se a noção de intérprete do Brasil e a metodologia utilizada no trabalho, a abordagem das controvérsias para a organização da História do Pensamento Econômico Brasileiro (HPEB), desenvolvida no Laboratório de Estudos Marxistas (LEMA). Em seguida, abordar-se-á como o pensamento social brasileiro refletiu e ajudou a criar a ideologia dominante sobre relações raciais no país, concentrando-se brevemente no pensamento de Oliveira Vianna e Gilberto Freyre como exemplos. A crítica de Moura ao paradigma culturalista, por sua vez, no capítulo 4, introduzirá as bases de sua perspectiva marxista para a interpretação do período da escravidão. Já o capítulo 5 analisará como a historiografia da escravidão se desenrolou por suas linhas e deixou importantes lições ao estudo da Formação Econômica e Social Brasileira, dando enfoque à última fase do modo de produção escravista por ser chave aos limites impostos à democratização racial no país. Por fim, delineia-se uma breve conclusão.