Este trabalho tem como principal objetivo compreender os impactos da medicalização nos discursos escolares que justificam as causas do fracasso escolar. Sendo esta uma pesquisa que utiliza como seu procedimento metodológico a revisão de literatura, buscou-se averiguar como surgiu o fenômeno da medicalização e como este impacta as relações escolares. Com base em Michel Foucault, é realizada uma análise sobre como os Estados modernos, em colaboração com a medicina social, foram um dos principais promotores da normatização e regulamentação dos corpos. Analisa-se, ainda, como as teorias eugenistas foram utilizadas para justificar o fracasso escolar no decorrer do século XX. Diante da superação do eugenismo social, ainda no referido século, pensa-se como o fracasso escolar passou a ser entendido como resultado da carência cultural estudantil. Ademais, discute-se como as dificuldades de aprendizagem e comportamento que atingem os estudantes na contemporaneidade têm sido interpretadas como fatores de ordem patológica nas escolas, por consequência da medicalização, conforme analisam algumas pesquisas recentes abordam esta questão Procura-se identificar e discutir, ainda, o perfil majoritário dos estudantes afetados pelo entrelaçamento entre medicalização e fracasso escolar. Conclui-se que se faz necessário ampliar o debate acerca desta temática com professores, assim como dialogar sobre a importância de intervenções pedagógicas capazes de se fazer superar estes arranjos nos espaços escolares.