A Bacia do Araripe, maior das bacias cretácicas interiores do Nordeste do Brasil, teve sua origem e evolução relacionadas aos eventos tectônicos que culminaram com o rifteamento do Gondwana e abertura do oceano Atlântico Sul. Inserida na fase pré-rifle da bacia e pertencente ao Jurássico Superior, a Formação Brejo Santo é uma unidade litoestratigráfica que representa os sedimentos depositados em paleoambiente lacustre, formados na "Depressão Afro-Brasileira". Com o objetivo de caracterizar a fauna desta formação, a pesquisa buscou a análise de fósseis de invertebrados e vertebrados do Jurássico, os quais ainda são raros no Brasil. Durante os trabalhos de campo nos municípios de Brejo Santo, Missão Velha e Milagres, no estado do Ceará, foram confeccionados perfis estratigráficos, feitas as amostragem dos diversos níveis e coletado material fossilífero, como fragmentos ósseos, dentes e icnofósseis. Posteriormente, em laboratório, a descrição petrográfica de níveis fossilíferos foi executada de forma a auxiliar nas interpretações paleoambientais e análise de bioclastos. A associação fossilífera composta pelos peixes lvfawsonia e Lepidotes, por crocodilos e dinossauros, além de invertebrados, como ostracodes, conchostráceos e os moluscos gastrópode e biválvio, permite atribuir ambiente deposicional lacustre, caracterizado por clima árido a semi-árido, com paleolago de água salobra, além de confirmar a idade Jurássico Superior, a partir da ostracofauna identificada, que caracteriza a Biozona NRT-001 da Petrobras.