A perspectiva de diminuição de emissões de carbono na atmosfera tem motivado o desenvolvimento e utilização de combustíveis renováveis. Neste contexto, verifica-se crescimento na produção e comercialização do biodiesel nos últimos anos. Uma grande quantidade de glicerol bruto tem sido gerada como subproduto, criando um enorme excedente no mercado, e transformando-o em passivo ambiental. Verifica-se uma vasta gama de trabalhos científicos que buscam o reaproveitamento deste glicerol, com a conversão a produtos de maior valor agregado. Em destaque, citamos o ácido lático, que apresenta aplicação nas indústrias química, farmacêutica e alimentícia. A produção de ácido lático a partir do glicerol, em meio alcalino, via rota catalítica vem ganhando espaço e tem se mostrado uma alternativa eficiente frente a rota convencional fermentativa. Neste trabalho investigou-se a produção de ácido lático a partir do glicerol, em meio alcalino, utilizando catalisadores de cobre obtidos a partir de precursores do tipo-hidrotalcita em sistema reacional de fluxo contínuo, bem como o efeito de diferentes concentrações de cobre e a estabilidade dos catalisadores frente ao rendimento e a seletividade a ácido lático. Os catalisadores foram preparados pelo método de coprecipitação e caracterizados por fluorescência de raios X (FRX), difração de raios X (DRX), propriedades texturais, redução à temperatura programada (TPR) e dessorção de CO2 à temperatura programada (TPD-CO2) e a dispersão de cobre foi determinada por oxidação por N2O. Os testes catalíticos foram realizados a 240 °C, 35 atm, velocidade espacial (WHSV) de 2 h-1, solução de glicerol 10% v/v e razão molar NaOH/glicerol de 0,75 durante 30h. Embora o catalisador 30CuHT tenha apresentado propriedades catalítlicas levemente superiores ao catalisador 20CuHT, os melhores resultados em termos de conversão do glicerol (96,5%) e rendimento (64 %) a ácido lático foram obtidos no teste catalítico executado com o catalisador 20CuHT. Resultado que pode estar relacionado à influência das reações que ocorrem com as hidroxilas na fase líquida, as quais não possuem uma dependência direta com o catalisador. Por fim, observou-se que os catalisadores exibiram estabilidade catalítica, sem evidências de desativação durante o período avaliado.