O presente trabalho objetiva compreender o percurso dos artistas populares brasileiros na jovem República: as transformações trazidas pelo advento da indústria fonográfica, da questão autoral à emissão das perspectivas de tal classe. A metodologia utilizada consistiu na análise e cruzamento de fontes – tanto produzidas pelos atores em questão, quanto aquelas ligadas à imprensa e estudiosos da área cultural. Pretendeu-se com essa pesquisa mitigar anacronismos anteriormente identificados em abordagens sobre o tema, ressaltando as tendências associativistas do povo carioca que se estendiam a seus artistas, que organizados informal e formalmente defenderam-se dos desmandos aos quais estavam submetidos, tanto do empresariado, quanto do poder público. O eixo norteador do trabalho foi, em grande parte, a pessoa e a figura de Francisco Alves, dada sua relevância enquanto artista, seus posicionamentos e seu protagonismo no cenário cultural, apontando adequadamente o legado de personagens imprescindíveis para o êxito definitivo da música popular na sociedade brasileira, como do herdeiro direto e intérprete dileto do maior sambista da primeira fase do samba nos registros sonoros, que garantiu a sobrevida do gênero no empreendimento até ser aderido pelo próprio poder oficial e ser reconhecido como grande expressão da cultura nacional.